terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Horizonte.


Caminhei. Caminhei arduamente e incansavelmente à procura de. Longos dias andando pra lugar nenhum em uma busca descabida pra encontrar o que. Era difícil. Muitos ventos. Muitos sóis. Muitos pensamentos e um pouco de nós. Não encontrei. Meus olhos não poderiam alcançar aqueles passos largos, os mesmos, que eu não conseguia ver.

Eu não podia parar. Não podia ficar pra trás, mas eu sabia que deveria deixar tudo pra trás. Com ou sem sapatos, com ou sem os fardos, com ou sem atos falhos e todos os atalhos que sempre utilizei pra fugir daquilo que eu não podia vencer. Não dava pra continuar parada à espera de algo que eu não sabia se me encontraria. Então, decidi encontrar. Continuei caminhando com o céu, o mar, o sol, a lua, a chuva, o vento, a paz e tudo aquilo que estava disposto à me testemunhar, a me acompanhar em uma jornada que eu mal sabia onde iria dar.

Mas deu. Dei sorte. Embora o cansaço e a vontade que eu tinha de voltar, era pra frente que se andava, que se alcançava, que se crescia e que se melhorava. Não poderia retroceder, não poderia largar a minha luta e a minha vontade de viver, encontrar, amar, sofrer e viver novamente. Fosse comigo, com você ou com qualquer outro alguém que ousasse me conhecer, me entender, me compreender. Encontrei à minha frente um horizonte de novas opções, ações, reações e emoções. Encontrei uma felicidade, até então, nunca desfrutada, mas muito desejada e admirada.

À minha frente, encontrei um horizonte de possibilidades que iam além de mim, do que eu sentia, do que eu esperava e do que eu queria. Nesse horizonte, encontrei o meu caminho, o meu destino, cheio de amores, de vida, de alegria e conquistas, muito além do que eu poderia imaginar ou ver...

Mas, que incluía, com toda a certeza, você.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O abraço.


Inexplicável seria a palavra exata pra começar a escrever. Café e cigarros à parte, palavras me invadem junto àquele abraço que não me sai do pensamento. Tem abraço que cabe tudo: saudade, vontade, palavrar, medo e tudo aquilo que existe no mundo. Tem abraço que conforta. Tem abraço que aprisiona. Tem abraço que dá a volta no quarteirão e volta. Tem abraço com cheiro de bom dia. Tem abraço com gosto de vida. Tem abraço que é amor o tempo todo.

Abraçar e ser abraçado é estupidamente saudável, ainda mais quando desejado, esperado, sem contar os minutos no relógio já passados. Abraço não tem hora marcada, os braços podem até fraquejar, mas em volta de outro corpo ele sabe como se ajeitar, fundir, findar e aprofundar. Abraçar é colar coração com coração e sentir o pulsar, forma subentendida de trocar calor, afeto e a vontade de amar. No abraço dá pra sentir tudo o que precisamos. No abraço que a gente descobre os caminhos jamais percorridos ou entendidos do outro. No abraço, a gente fica é com o rosto colado no ouvido do outro, no pescoço perfumado, na curva da nuca à mercê do vento soprado.

Não tem nada mais aconchegante do que o seu abraço. Aquele colado, que o corpo encaixa e pede bis. Seu abraço me dá a oportunidade de sentir o que nunca senti: o coração disparado, com a vontade de dizer: "ei, quero que esse abraço não tenha fim!". Cola, descola, cola de novo. Cada abraço é diferente, mas é sempre a mesma sensação vivida a todo momento, sem contratempo. Seu abraço tem gosto de quero mais, misturado com o melhor da vida que sempre desatina junto ao acaso, não por acaso que cruza a sua avenida com a esquina onde eu paro pra poder te ver passar.

Seu abraço é lar, não dá vontade de sair do lugar! Coisa estranha essa de sentir que um abraço modifica toda uma história, toda uma melodia, fazendo descompassar qualquer idéia já garantida e estendida. Te ver, vindo ao meu encontro, de braços abertos e coração a sorrir, enche meu peito de novas vontades e prazeres na vida. Seu abraço é coisa de transcede o palavrar, a vontade de falar. Ultrapassa até mesmo o sentir, o querer ficar junto, o unir. É querer tomar os braços no abraço mais gostoso que existe, permanecer dentro desse abraço porque nem o possível não o resiste. É o seu cheiro que fica em cada despedida, em cada ida e vinda pra perto do peito meu que eu quero que seja seu.

Porque nada vai fazer mudar aquilo que o seu abraço me fez amar.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

As almas.


Caio Fernando de Abreu foi sábio quando disse: "Num deserto de almas, também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra." Não há necessidade em dizer, explicar e tampouco contestar quando esse reconhecimento acontece, assim, inesperadamente.

Quantas almas passam pela nossa vida e levam nosso encanto? Quantas outras passam e deixam a sensação de que cometemos um engano? Quantas outras ficam e fazem a diferença? Quantas outras ficam contidas, guardadas no coração, na memória ou na lembrança? Quantas outras aparecem em nosso caminho, tão desconhecido, às vezes temido, florescendo o percurso com sorrisos largos e bonitos?

Quantas outras ainda estarão por vir, mudando nossos planos, revirando tudo de cabeça pra baixo. Quantas tantas ainda nos cruzarão, sorrirão e sumirão. Quantas mais amaremos, sentiremos saudades, pensaremos com gratidão? Quantas? Serão tantas. Muitas entre um milhão, um bilhão, um trilhão. Passarão, passarinho, construindo ou destruindo ninhos. Serão tantas, são tantas. Algumas sempre ficam, as verdadeiras sempre ficarão, independente do tempo, do espaço, do contratempo, do acaso, da solidão e até mesmo do coração.

Insubstituíveis. Cada qual à seu modo e seu peso, fazendo chuva ou fazendo sol. Magoando ou amando, em silêncio ou conversando, sorrindo ou chorando. São essas particularidades que nos abrem os olhos ou nos afogam em solos. Uma infinidade de afeições, transações, sintonias. Tanto faz! Nos enriquecem de alguma forma, com alguma história, com alguma memória, com algum consolo ou alegria .

Algumas, nos forçam a gostar e aprendemos com o tempo a ver o que pode haver de bom. Algumas, nem com muito esforço conseguimos, porque algo dentro de nós sempre dirá não. Algumas, só de olhar a gente sente, pressente e admira.

Algumas, assim, como você... Gostamos de graça! Sem nenhum problema e sem nenhuma pedida. Conversar de alma pra alma, é como achar uma parte que sempre esteve perdida. E que, agora, não está mais.

sábado, 11 de dezembro de 2010

LMNLG.


É diferente. Coisa de gente grande, pequena, média, inteligente. Acontece em alguma hora, em algum momento especial ou em meio a apegos, desapegos, apelos. A gente deseja com tanto gosto, sem nem saber por quê. A gente precisa tanto que nem consegue entender. Uma etapa diferente de vida se estende, sempre, e tantas outras ficam pra trás: a infância, a obediência e a esperança de ser, pra sempre, criança.

Tudo muda com o primeiro beijo, a gente pensa que vira dono do próprio nariz, do corpo, do desejo. Mas nem sonha o que ainda está por vir: o primeiro amor, o desamor, o sofrimento, a decepção, o amor novamente. Tudo caminha pra frente, não é isso que dizem? Eu disse que cheiro é uma coisa íntima, peculiar, e é mesmo. Beijo não fica muito atrás. Beijo bom mesmo é aquele com gosto de amor, misturado com saudade, seja o primeiro, o último ou o do meio. Tanto faz. O beijo esperado é sempre aquele que te faz soltar aquele sorriso no canto da boca, te estremece inteiro. Mexe com o pensamento e sentimento.

Sendo o primeiro amor ou não. Todo beijo é primeiro beijo quando estamos apaixonados, quando temos a ideia de ter encontrado aquele amor idealizado, sonhado, por mais imperfeito que ele se mostre com o passar do tempo. Todo beijo é o primeiro de todos os beijos que foram, e que ainda serão, dados. É rosto colado, mãos nas pernas, na cintura, nas costas. Os braços dando abraços, formando um laço. Corpo com corpo, coração com coração, alma com alma e de olhos fechados. Beijo é reflexo de dentro pra fora, é soltar tudo o que você tem de mais íntimo em direção a pessoa que o recebe, que o desperta, que o aflora. Beijo roubado tem seu valor, mas beijo consentido - mesmo que insistido - impera diante de qualquer perigo ou rejeição.

Dentre todos os tipos de beijos e de todos os que já provei. Até dos seus beijos, todos aqueles que tanto tive e sonhei. É sempre o mesmo beijo, o primeiro, com apelo e desejo. Sem receio, sem medo. Troca de paladares, vontades, contrariedades, conciliações. Seu beijo é único, por vezes úmido, rústico, febril. Dentre todos, exatamente todos, é o único que faz o coração bater à mil.

Lábios, Irresistíveis, Molhados, Nostálgicos, Orbitais, Ligados, Ordenados, Guardados, Inquietos, Amados... Pra você.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

193 + 8 + 5 + 2.


193 formas de dizer. 8 bilhões de pessoas podem sentir e não entender. Várias formas pra se expressar. Algumas fórmulas pra não argumentar. Uma única forma de sorrir, de se perder e se enriquecer em fé. É fácil falar de amor, qualquer um julga-se amar e ser amado. Complicado mesmo é sentir o amor. Definições são impostas diante disso: borboletas no estômago, frio na barriga, pernas bambas, mãos suadas, gagueira em fora de hora, pensamento distante. Aquele alvoroço. São muitas. Incabíveis aqui ou ali. Não quero falar de amor e nem de suas definições, pois são só precipitações.

Por ora, quero poder dizer que sinto o amor. Porque eu sinto. Sentimento que vai além do significado do dicionário, além de qualquer língua ou gíria que seja retratado. Pulsa forte, manso, vive no compasso e descompasso. Amor é tão desajeitado, anda cambaleando entre as ruas e se encostando em esquinas, nessas da vida quando somos feitos em pedaços, à procura de cuidados. Amor é tão bonito, anda com um sorriso de orelha a orelha por ter, de alguma forma, aquele alguém ao seu lado. Amor é tristinho quando não correspondido, mas ainda assim dá um jeito de ser bonitinho e despertar desejo nos olhos do acaso. Amor é leveza no toque, no beijo, no afagado esperado. Amor é bravo, morre de ciúmes mas sabe respeitar o espaço do amado. Amor é bandido, rouba o coração e pula o muro do vizinho por ser mais fácil. Amor é mocinho quando chega todo educado, recatado. Amor é feliz, estampado no rosto, no abraço apertado.

Amor é também os 5 sentidos humanos: amor é tato, quer apalpar e tocar o outro inteiro. Amor é olfato, inala todo o cheiro que fica colado no pescoço do outro, mesmo após um dia árduo de trabalho. Amor é paladar, saliva até a última gota pra receber o doce de sabor inigualável. Amor é visão, olha-se todos os detalhes do outro e retém pra si, em um gesto incerto de quem só quer dizer sim. Amor é audição, ouve-se tudo: desde as felicidades incontidas à todos os erros cometidos, arrependidos, consertados ou esquecidos. Amor é tudo. Tudo isso e mais um pouco que eu não defino, e também não quero, mas sinto até o seu último centímetro, que me invade, me toma, me move e me livra de tudo o que é negativo.

Não me importam as definições, tampouco me importam as razões de tal sentido. O que mais me importa mesmo é você que me fazer sentir esse amor inteiro, apesar do erros, tropeços e acertos. Sem uma ordem pra seguir. Quem disse que amar alguém precisa seguir um único sentido? Eu só preciso ter você, no meu caminho, pra te amar de todas as formas, de todos os jeitos e em todos os sentidos. Porque tudo o que tem você, pra mim, é lindo.

Quase se compõe em uma melodia de Vínicius: "no infinito de nós dois".
S
ó porque o amor chegou e nunca mais se foi.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Não solta.


Você pode ir. Mas é claro que você pode ir pra onde quiser, eu não vou te impedir. Vai, corre atrás daquilo que é, e do que pode ser também, seu. Dá orgulho demais te ver se impondo diante da vida e suas situações. Quem diria, um dia, assim, tão destemida e sem frustrações. Você vai. Eu quero que você vá e percorra todos os caminhos, que retire os obstáculos que a impeçam de encontrar seu prêmio merecido. O coração vai doer por te ver partindo, mas eu só quero te ver sorrindo.

Você pode ir. Eu só queria te pedir pra tomar cuidado nos becos escuros e nesses enormes labirintos que criamos em nosso dia-a-dia, seja por vontade ou pelo gosto do perigo. Dá vontade demais de correr ao seu encontro pra caminhar contigo. Ser ombro amigo. Quem diria. Pois é. Eu quero que você vá e trilhe uma vida inteira ao lado de você mesma, na certeza da incerteza de que você está desperta e certa. Tanto faz, desde que você saiba, desde que você sinta e, por assim, viva cada momento.

Você pode ir. Pule a janela, saia pela porta dos fundos ou pela da frente. Não me importa a maneira que você resolva sair, desde que você saia. Talvez, me deixe um bilhete, me mande um telegrama, me mande uma mensagem na madrugada quando eu menos esperar. Não sei. Mas vá. Vá com tudo aquilo que você precisa pra se manter forte, pra continuar nessa estrada que não é mais o meu lugar. Corra pelas ruas, encontre um porto seguro. Faça novas conquistas e se perca nesse mundo. Às vezes é bom se perder pra poder se encontrar, ao lado de outra pessoa, outra história ou em outra forma de amar. Vá, é sério. Você precisa disso, eu também preciso que você vá pra refazer o meu abrigo e não com outra pessoa, mas sim comigo.

Você pode ir. Mesmo que esse seu ir e não vir represente levar, com você, o meu coração. Não interessa. Eu já disse: vá! Mas vá com todos os gestos, só não se esqueça do meu pedido não:

Você pode ir, quando e quantas vezes quiser pra encontrar o seu destino...
Mas não solta da minha mão?

sábado, 20 de novembro de 2010

Seu cheiro.


Andei pensando nos cheiros, nos atos, nos fatos, nos gestos, nos sorrisos inteiros. Uma dúzia de palavras trocadas, não mais do que isso. Impossível tem sido a palavra da vez já que o possível foi arrancado e afastado pra longe de mim. Andei pensando nos abraços, nas respirações, nos toques, nos lábios molhados, de fato, sem fim.

Maldita seja a mania de comparar pessoas, cheiros, trejeitos e etc. Cheiro sempre foi uma coisa muito íntima. Procurei sempre os melhores, embora já tivesse encontrado os piores no meio do caminho. Acontece, é o preço que pagamos por trocar as flores do campo por um lixão onde não se encontra muita coisa, a não ser grandes enganos.

Mas venho falar de um cheiro especial, aquele de alegria. Era aquele seu cheiro que inundava toda a minha vida, que me sorria certeiro, um pouco grosseiro. Era o seu jeito, com aquele cheiro que eu tanto gostava. Difícil saber que nenhum cheiro pode ser comparado ao seu, que era meu, nosso, em um laço, atado sem pressa de desatar. Encalacrado nos poros, nada santos, porém, devotos à tudo aquilo que me fazia bem. Tão bem que virei refém e acabei sem nada, nem ninguém, sem algum tostão ou vintém.

Andei pensando em todas as coisas, pessoas e seus cheiros mais peculiares, tive tantos. Mas nenhum se iguala, nem pudera, ao seu. Caminho pelas ruas à procura desse cheiro que me envolveu por inteira entre retas, subidas, esquinas e ladeiras. Seu cheiro que não encontro mais, mantido no pescoço, no suor, no mais íntimo dentro de mim que denomino meu poço. Mergulho na lembrança do cheiro que eu tive, que eu senti e que me fez parar no tempo com todas as gotas de esperança de fazê-lo, novamente, parte de mim.

Seu cheiro é mistura de saudade e desejo, amor e apelo que eu não consigo mais não querer sentir. Cheiro de menina do interior, de cidade modelo e com praças bonitas onde os peixes nadam, as folhas são verdes e as flores coloridas.

E embora eu acorde todos os dias sozinha, com o Sol me dando bom dia... O seu cheiro é uma coisa que não me largou nunca, até hoje me invade e, simplesmente, fica.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Inesquecível.



O tempo passou, ele sempre passa mesmo e ficamos nos perguntando o que fizemos em tempos passados, o que e quem levaremos desse tempo -o agora- pro tempo futuro. Não sabemos. Jamais encontraremos essas respostas. O tempo que nos foi dado, foi exato enquanto ele não passava, enquanto não podia passar. Algumas pessoas se perdem no tempo por medo de enfrentar os tempos que virão, sejam os mesmos difíceis ou de muita ilusão. Me pergunto diariamente o que foi que eu fiz com o tempo que eu tive e não aproveitei, com você que eu tanto quis e fiz questão de perder. Penso no tempo que ficou pra trás, no tempo de agora que está no fim e no tempo que ainda nem vivi.

Sinceramente, não sei! Me perdi diversas vezes entre o tempo que passou, o tempo que passa e no tempo que passará na tentativa de te encontrar, de te trazer de volta pra cá onde sempre intitulei ser seu lar. Não queria que tempo algum voltasse, mas queria ter toda e qualquer fórmula pra acertar os ponteiros do meu relógio com o seu, pra reter em mim a tristeza de te ver partir e a felicidade estampada por ter ver, sempre, chegar. Era isso o que eu queria, era o que eu sempre esperei e que hoje, vendo o tempo passar, tenho a consciência de que talvez nunca aconteça, por tudo ter mudado e por você sentir vontade de mudar. As coisas aconteceram, os momentos se perderam e tudo aquilo que nos fazia sentido, simplesmente, deixou de fazer, nada mais nos mantinha. Nada te manteria. Eu sei.

O tempo passou, ele sempre passa mesmo e as coisas mudam na velocidade da luz porque nada em nossa volta é capaz de parar. Não há tempo suficiente que nos faça consertar e voltar pra o mesmo lugar. As coisas mudam mesmo, não é? Às vezes com essas mudanças, até mudamos o coração de casa, o pensamento de destinatário e nós mesmos de endereço. Sei lá, é uma coisa louca pensar no tempo e entrar em desespero por ver tudo o que você sente ficando pra trás, não tem como não se nostalgiar, lembrar, sentir e amar. Nesse tempo todo algumas histórias começam, outras terminam e tantas outras recomeçam. É ciclo involuntário, que não para, que não fere, mas que roda, roda, roda, roda e roda até passar e repetir tudo novamente pra cada um tentar se encontrar como bem quiser e desejar.

No tempo, algumas histórias, as mesmas histórias, se reencontrando no mesmo lugar. Algumas pessoas, as mesmas pessoas lutando por sentimentos jamais esquecidos, que jamais vão mudar. No tempo em que eu era tudo pra você. No tempo em que você era tudo pra mim. No tempo em que éramos. Fomos. Tão bonito. Mas não mais, o tempo passou pra você. E pra mim? Não passa, não modifica. Permanece e se renova todos os dias, não dá pra mudar. As relações mudam, as prioridades também. Vamos crescendo de pouquinho em pouquinho na tentativa de ser -e por que não encontrar?- alguém.

O tempo passou.
Mas o sentimento ficou e, sempre, ficará.

Assino, com carinho.
Unforgettable

domingo, 14 de novembro de 2010

Quando.


Quando você ainda estava aqui, a felicidade era constante, os sorrisos radiantes e eu não conseguia disfarçar o quanto tudo transbordava dentro de mim. As mãos que suavam, as palavras que gaguejavam, os olhares que se encontravam, os corações que se permitiam. Acordar cedo aos finais de semana eram dádivas por saber que te encontraria naquela mesma praça, naquele mesmo banco e até mesmo naquela mesma esquina de expectativas onde o ônibus parava e eu ficava, ansiosamente, te esperando.

Eram bons tempos, bons sentimentos que nunca havia sentido antes e que sei que não sentirei novamente. Ficou com você tudo aquilo que eu sinto permanentemente: o desejo, a saudade, a vontade e os momentos. Eu não podia mais resistir, eu não conseguia por mais que eu soubesse que, agora, talvez seria a hora de resistir e descruzar os nossos caminhos. Eu não podia e eu não queria fazer a minha vida longe de você que eu tanto estimava, estimo e quero por perto, de alguma forma, todos os dias. A minha única certeza, você, que me acompanha, me lança pra onde bem quer e como bem entender.

Quando você foi embora, eu entendi e não insisti pra que você ficasse. Eu poderia ter o feito, mas soube que você precisava partir, ir, fugir não sei pra onde e me deixar com todas as incertezas do mundo, sem saber se você voltaria pra mim. Quando você se foi, minha máscara caiu, meus sorrisos sumiram, minha felicidade deu a impressão de que nunca existiu. Eu sequei e amarguei. Nada fazia muito sentido, eu não sabia mais como. Também não fazia questão de saber, porque nada do que eu vivia, e do que vivo, tem você. Então, que diferença faz saber?

Eram maus tempos, ressentimentos que não me -e não te- abandonavam. O peso do erro, a fúria da culpa, o incomodo do arrependimento. Tudo me testava, tudo me colocava frente a frente aquilo que eu nunca soube lidar, que eu deixei passar e não consegui acompanhar, nem mesmo consertar. Eu não podia mais continuar aqui, eu não sabia mais como seguir sem você comigo, meu destino, meu instinto. Você era, e ainda é, o meu sentimento mais bonito, mesmo que tudo isso, agora, só me faça sentido.

Quando você foi embora, a única certeza que eu tive e que me acompanha até hoje é a de que você realmente foi embora, com tudo aquilo que eu também queria ir. Você foi, e eu fiquei aqui com a certeza de que, pra você, era, é e continua sendo o fim da nossa história, sem volta.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Das cinzas às letras.


Das cinzas do amor às letras da vida. Quem disse que o amor não é extremo algumas vezes, nunca experimentou a fundo essa alegria. É estranho! Quando sentimos amor - mas aquele amor bonito mesmo -, a gente se queima inteirinho por dentro e ao mesmo tempo esfria. Sente medo de perder em um segundo, mas no segundo seguinte se esquece disso e segue de acordo com a melodia que o outro trilha. Amor é furacão na maior parte do tempo: chega junto com a paixão, devasta e fere mas depois de um tempo passa, acalma e se torna alicerce.

Das cinzas daquilo que vivi e perdi às letras do que eu escrevo e me muero a cada dia que eu lembro o quanto o amor já me queimou um dia. É, durante anos, anos e anos me queimava todos os dias, e era bom. Tão bom que a pele ficava mais bonita, amorenada. O rosto demonstrava uma alegria durante alguns meses que qualquer pessoa, ao ver, se incendiava. Dava gosto de amar, queimar e depois se apagar só pra repetir o mesmo ato novamente no minuto seguinte. Nem o Sol era capaz de repercutir internamente aquela queimação gostosa na boca do estômago, seguida de enjoo e conforto por ter onde repousar -ao lado daquela(a) que queimava junto com a gente, do mesmo jeitinho-.

Das cinzas sobraram um amor tão bonito. Foi bonito. Queimou tanto e com tanto carinho que mesmo em meio há tantos tantos erros, ele renascia mansinho, quando eu menos esperava, quando você menos cogitava. Amor não morre, mesmo quando a gente tenta matar ele ressuscita. Independe de qualquer vontade que a gente tenha porque o coração abriga com a própria vontade e alegria. Se transforma em vida, mas não na nossa vida. Das letras sobraram a saudade de um amor tranquilo e insubstituível, do qual eu não esqueço e sempre revivo, dentro de mim, mesmo quietinho. Em segredo, essa é a palavra certa porque o meu amor não é capaz de te queimar como já queimou um dia e o seu amor, em mim, por mais que ainda queime, eu desfaço e congelo.

Das cinzas do seu amor às letras da minha dor.
Somos eu e você em estados diferentes, sentindo a mesma coisa mas fingindo que não.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Era a vontade.


Era a vontade de viver melhor que a impulsionava ir adiante. Não havia tempo suficiente pra continuar se, e também, perdendo. Estava na hora de ganhar, de encontrar, ou até mesmo construir, o seu lugar. São processos difíceis de se entender quando a única palavra que você tem é aquela que chamam de "desacreditar".

Era a vontade de superar seus medos e deixar erros cometidos pra trás que a fez trilhar um novo começo, batendo de porta em porta e distribuindo aquilo que existia de melhor dentro de si: a vida e o que aprendeu com todos os tropeços. São reconhecimentos fáceis quando pensamentos negativos, que pairavam em sua mente, deram lugar a pensamentos mais contentes, persistentes e coerentes. Não era mais possível se lamentar, não havia mais tempo pra isso.

Era a vontade de fazer e acontecer que mudava tudo à sua volta. Não havia tempo pra desesperança, era mais do que preciso idealizar, projetar e realizar. A responsabilidade de assumir o que se era vinha à tona, não daria mais pra esconder, não tinha motivos pro mesmo acontecer... Tinha que crescer, entender, compreender e viver. São lógicas proibidas quando você sabe que ser gente grande não é fácil e que muitas pessoas acabam pequenas por não aguentar a pressão do que é o amadurecer em geral.

Era a vontade de amar que a fazia ter todas as outras vontades acima. Amar a si própria, a família, os amigos e tudo aquilo que poderia conquistar ao longo de toda a sua vida, tão pequenina ainda. Sabia que as coisas aconteceriam por si só e em seu tempo. Era a vontade de amar o mundo, as pessoas e a poesia que a fazia permanecer acreditando que...

Quando não se tem amor, não se tem mais nada.

domingo, 7 de novembro de 2010

Quebra-cabeça.


Procurei durante muito tempo a peça de um quebra-cabeça que eu nunca consegui montar. Não sabia onde ela tinha ido parar, se era embaixo do sofá, atrás da porta, dentro do armário ou em qualquer outro lugar. A casa era enorme e o mundo a minha volta também, qualquer um poderia ter pegado e jogado fora - como eu também -. Não sei dizer, mas eu queria mesmo encontrar.

São inúmeras as possibilidades que me fazem pensar onde é que eu enfiei essa peça ou onde a enfiaram preu não encontrar. Mesmo sem ela, tentei montá-lo. Passei dias, meses e anos pra colocar cada peça em seu lugar. Algumas demoraram se encaixar, outras nem tanto -se encaixaram com tanta facilidade que dava orgulho admirar-. Mas a que faltava, essa tinha um peso gigantesco. Nada poderia ser completo com aquele lugar vazio, que me confundia e não me deixava pensar no que eu poderia colocar ali para substituir e o completar.

Fui desistindo depois de um tempo. Deixei o quebra-cabeça pra lá porque descobri que nada poderia suprir o lugar daquela que faltava, que eu não encontrava e não iria mais encontrar. Puxei na memória todo e qualquer lapso de onde ela poderia estar: nas gavetas dos erros, nos degraus dos deslizes, no parapeito da janela de decepções, embaixo da cama da confiança, na escrivaninha do arrependimento, na carteira do coração, no armário da solidão. Depois disso, descobri que a peça tinha sumido por si só, por não aguentar todas as outras peças que eu precisava ter pra completar todo esse percurso pra chegar até ela. Decepcionei na mesma velocidade em que machuquei, rasguei, esqueci e mandei pra longe a única coisa que me faltava pra ser feliz.

O quebra-cabeça que tanto me refiro, sou eu e a minha vida.
E a peça que eu também me refiro, é você e a minha alegria.

Que se foi.
Que se foram.

Não sei pra onde, mas eu sei o porquê.

sábado, 6 de novembro de 2010

Liberta.


A gente se aprisiona, o tempo todo, seja por nossa vontade ou por coisas que a própria vida julga poder ser e fazer parte da nossa alegria. A gente se apega, diariamente, em emoções que podem durar uma vida inteira e fazer toda a diferença ou até mesmo naquelas que mudam repentinamente em segundos, que são denominadas o cúmulo.

Acreditam por aí que emoções longas exigem mais de nós mesmos, de nossos corações cansados de esperar cotidianamente por algo que faça alguma coisa mudar ou sair do lugar. Outros acreditam que dar uma pausa nisso tudo e se permitir a sentir pequenos sentimentos, fazem a gente ter a certeza do quanto aquele sentimento grande, anteriormente citado, é importante em nossas vidas. Uma espécie de combustível em tudo aquilo que pode, sem sombra de dúvidas, te encantar o tempo todo, em seus vários aspectos, mesmo que despertos.

Temos o costume de nos prender em velhas -e por que não boas?- emoções. Somos incapazes de nos libertar de um passado que já não faz mais tanta questão de ser presente e muito menos futuro. É passado, já passou e tentar carregar esse fardo nas costas é o mesmo que tentar puxar alguém de uma areia movediça que já se afundou. É bom se prender em alguma coisa, em alguém. Desde que esses mesmos fatores pensem e sintam as mesmas coisas que você. Questão de querer não somente dividir, mas SE dividir também já que o mundo anda tão egoísta e ninguém é capaz de pensar dessa maneira porque acha uma grande besteira.

Ontem li algo de alguém que dizia que sou jovem demais pra me prender em alguma coisa. Que ainda viverei muitas coisas, pessoas, momentos e algumas loucuras que ficarão guardadas dentro da memória que chamo de bolsa - encontro tudo lá dentro -. Acontece que se sentimentalismo dependesse de idade, seríamos inteligentes o suficiente pra nos apaixonarmos depois dos 30 porque, talvez, com mais maturidade a gente consiga entender que algumas coisas e pessoas não passam, por mais que a gente deixe passar e por mais que elas queiram passar. Algumas sempre ficam, ocupando seus respectivos lugares.

É difícil não se prender, ou não querer se prender. Mas ainda assim é mais difícil se desprender quando a outra pessoa não sente vontade de te fazer permanecer ali. É como soltar um passarinho, que sempre esteve em sua gaiola, pro mundo: ele nunca saberá pra onde ir, porque não haverá um ninho pra o acolher.

Você abriu o meu cadeado e se libertou. Eu abri o seu cadeado e não saí do lugar. Não tenho a garra de um grande e bonito gavião pra encarar o mundo lá fora como você, porque, por mais grande que eu tente ser, eu ainda sou um passarinho, mesmo com toda a vontade de ser passarão, em meio há tantos muros, multidão, solidão e coração.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Por vezes.


Por vezes, tive vontade de viver melhor, fazer melhor, ser melhor. Os corretos também erram, os moralistas também pecam, os idealistas também falham e são criticados ao longo da vida. Quando alguém que nunca errou, erra, fica impossível dá-lo uma segunda chance. Nunca esperamos que eles errem, a decepção é mais que certa quando isso acontece e esquecemos do quão humanos eles são, assim, iguaizinhos a gente.

Por vezes, tive vontade de mudar e deixar de me adaptar. Mudar mesmo. De vida, de corpo, de fisionomia, de perspectiva. Traçar novos objetivos, ver a vida de um jeito mais realista - que nem sempre significa mais alegria, mas ainda, assim, tem -. Quando alguém que nunca errou, erra, se forma uma barreira entre o erro cometido e a vontade de nunca mais errar. É como conselho de mãe: "Menina, amarra esse sapato pra não tropeçar!". Dava medo continuar errando. Era tanto medo que errava antes mesmo de pensar.

Por vezes, tive vontade de chutar o pau da barraca e essa coisa toda que todo mundo faz quando sente vontade de extravasar. Pirar. Nocautear a vida no golpe certeiro de um ninja, na delicadeza de uma bailarina ou no conhecimento de um hari krishna. Sei lá! Surtar. Sair sem rumo. Correr, correr, correr e correr, sem saber pra onde, sem saber pra quem. Se cansar, sentar pra repousar e ver a nuvem se formar, avisando que vem chuva grossa por aí pra limpar a alma e purificar o ar. Sem se preocupar, viver com menos responsabilidade, mas com muito mais amor e bons sorrisos pra adoçar.

Por vezes, tive vontade de tantas coisas. Foram inúmeras. O mesmo pensamento, o mesmo sentimento por tantas vezes quando eu te via passar. Quando eu te vi caminhando ao meu encontro: olhos brilhantes, sorriso no rosto, andar errante, de braços abertos prontos pra me abraçar. O coração palpitava, não parava de acelerar.

Por tantas vezes, tive vontade de falar que era você quem eu tanto amava - que amo - e  que continuava a esperar.

domingo, 31 de outubro de 2010

Sorriso no rosto.


Sorriso no rosto. Era o que diziam pra aliviar qualquer coisa nessa vida. "Sorria, e a vida te sorrirá de volta". Mentira! Ou você se empenha e a força, ou os seus dentes não serão capazes de fazer isso acontecer, nada te consola. Confesso: cabeça pesada, corpo dolorido, coração doente e a alma cheia de saudade.  Tempos difíceis, maré de azar, nada te satisfaz, tudo desbota. Simpatia não dá jeito, porque nada esconde os defeitos, os desatentos, os receios e a vontade.

Com ou sem sorriso, a gente segue os instintos, os caminhos, os destinos, sem saber pra onde, sem saber quando, sem saber como, sem saber por que. Simplesmente vamos. A correnteza do rio é bem mais forte do que a de um riacho. Você vai, vai, vai, vai e vai porque tem que ir, porque é preciso. Não dá pra lutar contra. É mais forte. Invade. Transborda. Inunda. Reage. A vida cobrava uma postura. Mas qual? Não sabia o que era certo, mas não havia no mundo nada igual.

Olhos inchados. Mãos enrugadas. Horas e horas embaixo do chuveiro tentando esquecer o desespero, procurando praticar o desapego, evitando encarar o medo que a olhava fixamente pelo espelho embaçado. Cabelos brancos surgem. Urgências. A tinta jamais tamparia as raízes que os fizeram aparecer. Muitas cicatrizes deixadas, que nem mesmo com tatuagem elas não se mostrariam face à face. Aparência desleixada: camiseta, bermuda, chinelo. Nada de maquiagem ou óculos escuros! De cara limpa, tentava encarar todos os aspectos e respostas da vida, tão desprotegida, sem nenhuma arma ou armadura que a fizesse encará-la de uma maneira menos dura.

Sorriso no rosto não cura ressaca. Mas cura solidão! Pode encher o peito de alegria, algumas vezes sim e outras vezes não. A força de um sorriso depende de quem sorri, de quem quer ser feliz sozinho ou no meio da multidão. Era o que diziam quando não tinham mais o que dizer. As palavras se tornavam escassas quando ficavam a frente de um coração encharcado de decepção. Achava perigoso demais brincar com quem olha a vida de um ângulo sem direção.

Não importam as formas, sorrir também é reforma... e cura as feridas, que nós mesmos nos causamos e as que causam a vida, na rotina do cansaço, no apelo de alegria.

Cadê o meu?
Que coisa mais exaustiva.

sábado, 30 de outubro de 2010

Sempre tem.


Sempre tem alguma coisa que acontece, sem sabermos o motivo pelo qual acontece. Mas acontece. Aconteceu. É inesperado, imediato! Reconhecemos na hora em que acontece aquilo que e quem verdadeiramente nos faz bem. É difícil analisar as situações quando o coração acelera e pede pressa. É mais fácil contar os ponteiros do relógio, vendo a hora passar e chegar exatamente a hora do encontro - aquele -.

Sempre tem alguma coisa que acontece, sem sabermos o motivo de ter acontecido. É tão bom quando a gente se permite a ouvir o que o nosso coração diz, mesmo que vá contra tudo aquilo que você disse não. Se render e dizer sim pra algumas mudanças é bom. Crescemos, amadurecemos, erramos e aprendemos diariamente com tudo o que nos é dado, com tudo aquilo que o Universo nos oferece em um banquete incrivelmente acompanhado de alegria ou solidão.

Sempre tem alguma coisa que acontece, sem sabermos o motivo de. É diferente quando sensações são resgatadas e vividas, quando as lembranças ficam pra trás dando início a um novo começo do recomeço, inteiro, com muitas portas de saída. Vivenciamos diariamente tragédias entre casais que deixam o amor escapar. Em contrapartida, encontramos diariamente casais que se esforçam pra fazerem o amor durar.

Sempre tem alguma coisa que acontece, sem sabermos o motivo, pelo menos uma vez na vida. É incessante a vontade que te inspira a viver, que te faz planejar sua vida inteira ao lado de você mesmo e quem quiser fazer parte disso que simplesmente faça questão de ser e aparecer. Penso diariamente que você sempre chega na hora certa, é o cúpido ou a própria flecha que me acerta o tempo todo.

Sempre tem alguma coisa que acontece e que a gente tem, retém, mantém e perde.
Sempre tem alguma coisa que. Porque se o amor desse sopa, todos estariam amando. Mas essa responsabilidade é dedicada somente pros poucos e bons.

E sempre tem.
Sempre. Alguém. Você.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Penso em você.


Penso em você. Com tanta ternura, com tanto carinho. Não vejo possibilidade alguma disso se desfazer, nem rápida e muito menos lentamente. Não tem como te esquecer. Nunca teve. E em todos esses anos que te conheço, a cada dia que se passava, era impossível cogitar a possibilidade de não te ter.

Engraçado como algumas histórias se arrastam a medida que o tempo passa, como a relação entre as pessoas se desgasta e o amor fica esquecido ou fingido o tempo todo. É essa a diferença que me invade: saber que nada é fingindo ou esquecido entre nós.

Muitos desenganos. Acontece quando resolvemos mudar um caminho em nossas vidas que temos praticamente certeza de que não conseguiremos. Mas tentamos. Lutamos e relutamos diariamente em meio há tantos erros, acertos, qualidades e defeitos que adquirimos com o tempo e acabamos não só trilhando mas como também retrilhando caminhos deixados de lado. Era esse o X da questão de todo esse tempo: o meu caminho que era você e que eu sempre tentei correr.

Penso em você. Exatamente como eu pensava no começo, desesperadamente com tanto apego. Sei que os caminhos são tortos e tortuosos. Que entre nós existe um caos e uma calma desconsertantes mas sem nenhum apelo. Nada venenosos. Não dava pra ser diferente. Somos opostos que se atraem e se distraem a medida que a paisagem vai mudando em meio a cidade, onde costuma amanhecer mais bonito quando eu sei que eu estou pensando em você.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

As razões.


Há razões que acontecem por si só, independem de cada um de nós. Têm vida própria, consequência da vida, de todas as nossas histórias. A gente só queria ser feliz. Na verdade, a gente quer ser feliz. Quer sim! É motivação de vida quando decidimos que tristezas devem ser deixadas de lado, chegar ao seu fim. Nada de prolongar dores, nem desamores. Quero ser feliz com você. Quero que você seja feliz comigo também.

Há razões que aparecem por aí, confundindo as emoções. Chegam sem avisar, de erros que nós mesmos quisemos cometer no velho verbo do "titubear". A gente só queria viver. Na verdade, a gente só quer viver. Quer sim! É uma felicidade danada quando percebemos que as pessoas nunca passam, só mudam de lugar e as que ficam em nossas vidas são verdadeiras o suficiente pra terem preferido continuar. Nada de erros, quero muitos acertos. Você preferiu continuar comigo e eu contigo, até o sol raiar em algum lugar do mundo, onde faça os nossos olhos se cruzarem em um simples gesto de admirar.

Há razões que invadem, nos persuadem. Nos envolvem de uma forma tão absurda que não sabemos como reagir diante delas e acabamos tornando a nossa vida nula. A gente só queria entender. Na verdade, a gente só quer entender. Quer sim! É desengano demais quando eu olho pra trás e reparo em tudo o que deixei passar, no quanto eu quis errar com você, comigo, com o nós que sempre esteve acima de todas as coisas, que sempre foi - e continua sendo - verdadeiramente infinito. Eu preferi pedir outra chance e acertar, você preferiu pensar nisso tudo e ver no que poderia dar. Ainda não deu. Mas quem disse que não dará? Questão de paciência, força de vontade. É tempo, novamente, de - nos - amar.

E essas razões, todas, listadas acima, não fazem tanta diferença quando eu + você = amar. Razões, todas, a gente simplesmente esquece. Deixa passar. Guarda em algum lugar pra continuar seguindo em frente nesse nosso tempo que é agora, desde já.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A luz.


Pilhas e pilhas de pensamentos expostos sob a cama e o coração. No escuro de mim mesmo percebo que agora é hora de fazer certo - mais do que nunca -. Chega de procurar tanta solidão. Encho o peito de realidade e sentimentalismo que jamais houvera em mim antes. Dava vontade de fazer tudo certo dessa vez e sempre, porque era merecido após tanta tempestade, tantos desencontros e encontros às escuras destemidos. Era preciso encarar o emaranhado de emoções jamais encarados. Era necessário me conhecer, me entender pra conseguir expressar tudo aquilo que eu sempre senti desde quando conheci você.

Faço um amontoado de corações em um mesmo coração. Coleciono memórias tolas. Todo mundo coleciona alguma coisa mesmo. Faz parte daquilo que fomos e somos hoje em dia e, talvez, pro resto da vida. Cresci como pude nesse tempo onde tudo deu certo e ao mesmo tempo errado. Certo porque me fez ver o quanto eu estive errada durante todo esse tempo, errado porque esperei tempo demais pra ver o quanto eu tinha errado e o quanto eu ainda estava errando. Era errado demais esconder o que eu sentia. Mas escondia, omitia, ludibriava, manipulava e sumia. Era mais confortável não sentir o amor frente-à-frente. Era mais dolorido abafá-lo todas às vezes que eu sentia que eu poderia fazer diferente, mas não queria.

Noites e noites me revirando na cama. Não havia luz no fim do túnel, a não ser meu abajur que tentava iluminar algo dentro de mim pra que pudesse, por fim, encontrar a solução que eu mais procurava: você. Foram noites acordadas, madrugadas em claro em busca de alguém que sempre esteve comigo e eu não fiz questão de ver. Até fiz, mas me deixei levar, fiz por onde pra perder. Foram horas perdidas em uma busca eterna do que era e sempre foi você pra mim, em mim. Como assim eu não quis? Como eu pude não querer? Como? Repito tantas vezes porque não conseguia entender.

Me deparei com um clarão penetrando as cortinas da janela do meu quarto. Tão perdida em tudo o que foi e que não era mais, porque eu fiz questão de não ser, que não conseguia ver o que era. Cheguei mais perto da janela. Abri as cortinas. A luz dilatava os olhos. Esquentava a pele. Me senti cega. Fui cega durante muito tempo, embora hoje não seja mais...

Consegui ver o Sol vindo mais uma vez me dar bom dia, esquentando a cama, o coração e a casa vazia. Iluminando tudo aquilo que antes eu não conseguia. Só pra avisar que você estava chegando, pra mim.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Intocável.


Intocável. Sempre foi assim. Jamais se permitiu ir tão a fundo em uma relação, independente de qual fosse. Nada a tocava. Cortava qualquer cordão umbilical que colocasse em risco seu coração. Enchia os jardins de erva daninha, antes mesmo de se permitir deixar brotar algo bom. Nada a entristecia. Esbanjava sorrisos mesmo quando os seus olhos - e poucos os decifravam - diziam que estava em perigo, na beira de um abismo, precisando de alguém pra salvá-la.

Quantas vezes intocável? Infinitas. Não dava passos maiores do que a própria perna, por isso nunca soube ao certo qual era a sensação de se pular uma poça d'água. Tinha medo de não conseguir e se molhar. Evitava qualquer tipo de relação que envolvesse muita admiração, paixão, tesão e qualquer tipo de emoção. Ninguém era capaz de ultrapassar os limites e barreiras que ela impunha. Nunca foi forte suficiente pra aceitar o que a vida lhe propunha.

Foi tão intocável. Mas o amor bateu à sua porta. Teve a oportunidade de conhecer tudo aquilo que sempre temeu. Não aproveitou. Teve e perdeu. Em um passe de mágica. Velocidade da luz. Piscar de olhos. Não deu tempo de absorver e simplesmente desapareceu. Tentou ser tocável nessa época. Ela se deixou tocar intimamente quando te conheceu. Sentiu o gosto único da pele. A respiração acelerada. O abraço que não a largava. O coração que palpitava, no mesmo ritmo. Os corações pareciam um só. A certeza na vida de que ali era o seu lugar, que sempre foi o seu lugar. E era. Ela teve tanto medo quando sentiu tudo isso. Recuou. Procurou outras bocas, outros abraços, outros olhos que não os seus. Correu, sem lembrar que caminhar por cima de poças d'águas era mais perigoso do que pulá-las.

Intocável por si só. Não deixava mais ninguém tocá-la. O significado daquele toque - nunca provado antes - jamais se apagou de sua mente. Permaneceu intacto. Intocável como ela. Ninguém poderia apagar nenhuma dessas memórias, nem pudera. Era seu, tudo o que ela guardava. Sempre foi seu o ponto mais intocável do coração dela.

Continuava intocável, à sua espera que nunca voltava, nunca chegava, nunca ligava. À espera do tocável, pra deixar de ser intocável. Mais uma vez. Por vocês, por você e por ela.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Pela janela.


A vida é mais fácil da janela pra dentro. É terrível quando você tem a consciência de que tem medo da vida. Passar rapidamente perto da porta faz com que as pernas se tremam inteiras, como bananeiras. Colocar a mão na maçaneta é sinal de incapacidade, de pressioná-la e enxergar o mundo do lado de fora de forma diferente.

Não dá. O medo que te ronda é maior do que a coragem que te afronta, todos os dias. Falta ar. É como se tudo lá fora fosse incolor, frio, tédio e temor. Não conseguiria ir adiante. Volto pra janela. Vejo a vida passar diante de mim, sem que eu passe diante dela. Espectadora daquilo que não tenho muita vontade de viver. Confesso, tenho preguiça de viver, todos os dias. É sempre a mesma coisa. Nada muito diferente, nem contente. Muito indiferente, ousaria dizer.

Proteção. É o que eu mais preciso. Alguns chamam isso de bolha. Mas quando a vida te machuca muito, por escolhas e pessoas erradas que cruzam o seu caminho, você torna o convívio mais difícil. Impossível. Depois daquele dia, depois daquele amor, eu nunca mais consegui não ter medo da vida ou de qualquer alegria. Dava trabalho demais esquecer. Dava trabalho demais lembrar. Alguns acreditam que exista vários amores por toda a vida, outros acreditam que exista um só. Eu tenho um. O mais dolorido. Mais temido. Mais sem objetivo. Mas tenho. Não sei amar outra pessoa diferente a não ser aquela, mas não a vejo da janela, nunca mais a vi passar. Mas o amor continua o mesmo. Não passou. Não passará.

Se tudo na vida passa, como observo pela janela. Como é que fica o amor nessa parada, que nunca passa? Um dia... Talvez... Não sei... Acaba?

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Acabou.


Acabou. Foi o que você disse. Essas palavras ecoaram na minha cabeça durante um bom tempo. Foi o que ficou. Quando você disse que tinha acabado, senti meu coração dilacerado, e como doía. Uma dor que transformava campos floridos em trapos. Você foi embora. Simplesmente foi. Pude me sentir na plataforma de um trem, atrasada, só dando tempo de vê-lo partir, sem poder ir e nem me despedir.

Mais uma vez, não deu tempo. Não pude te avisar como seriam os caminhos de hoje em dia, do agora, onde eu ainda poderia cruzar a sua rua com a minha, fazer da nossa vida uma avenida, em grande estilo, em um dia lindo, como se fosse carnaval. Sem ventania, sem frio, sem chuva e sem vendaval.

Era carnaval quando eu te conheci. Uma euforia que contagiava. Pessoas felizes - não sei até que ponto eu poderia acreditar nisso -. Mas elas, estavam. Era um estado único. Uma nação inteira saindo pelas ruas à procura de diversão, pra todo e qualquer coração que precisava encontrar um pouco de felicidade.

O que eu mais queria, mais procurava era o que eu menos tinha. Tão quieta, tão concentrada, tão na minha quanto na sua quando eu te vi. Os olhos, foram o que me chamaram mais a atenção. Amendoados. Me lembravam os doces que eu comia quando era criança. Me lambuzava. Minha boca salivava só pela lembrança. O cabelo escuro. Véu da noite. Feitiçaria de ótima qualidade. Ludibriava todos aqueles que se rendiam aos seus encantos. Cigana dos corações frágeis, vulneráveis e sedentos por uma doce e crua realidade.

Acabou. Foi o que você disse e o encanto se quebrou. Machucou. E não foi uma feridinha não, foi uma feridona. Enorme. Dava até medo. Quase incurável, eu diria. Mas o que você disse, até hoje amendronta. "Acabou" repetidas vezes. Eu sei, acabou. Acabou o que, se nem mesmo começou? Foi o que você disse. Eu sei que foi o que você disse que me maltratou, que me humilhou, que me mostrou o lado mais sujo do amor, da dor e do que eu sou.

Mais uma vez. Outra história. Outro amor. Outra mentira. Outro sentimento sofredor. Mais carnavais, ventanias, chuvas, frios e vendavais. Nada muito florido por aqui a não ser os meus compridos pra dias exatamente iguais. Tenho me apressado, vivido com urgência. O que eu deixei pra ontem, sofre muita resistência. Terapia não cura coração partido. Conversas de botas batidas também não. Só se esquece um antigo amor com um amor novinho em folha? Papo furado, ilusão.

Acabou. Foi o que você disse. E é o que eu nunca esqueci. Nunca vou esquecer. Quando você acabou e simplesmente ou. Eu entendi que você esqueceu quem era pra libertar quem, hoje em dia, eu sou: a vida, que finda, ilumina e irradia a cada dia, entre toda essa multidão.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Por situações como essa.




Por situações como essa, eu não esperava. Foi difícil pra você, eu sei. Ainda é difícil pra mim, mas você não sabe. Acontece. Mas eu não estava preparada e eu não queria estar. Gosto do desprevenido, desesperado, nada esperado por nada e ninguém. Puro instinto!

As situações foram essas. Deu vontade de fugir. Fugi. Mas voltei quando senti que não seria diferente fugindo. Me daria mais trabalho e eu não veria nada disso se diluindo. Você quis. Eu quis. Nós queríamos. Você não teve mesmo assim. E eu também não tive, por fim.

Por situações como essa, veio o medo. Aquela vontade absurda de cavar um buraco e se esconder dentro dele. Dentro de mim mesmo. Dá desespero. Tudo se perdendo. Não poderia, eu não. Você também. Fazer o quê? - eu não quis sentir o que eu senti e eu sei que você também -. Foram muitos caminhos percorridos, muitos deles inteiros, outros destruídos. Você comigo. Eu contigo. Nós dois juntos e sozinhos. Tudo se foi. Foi indo e indo e in... Pra onde? Não sei. Você também não sabe. Não sabemos. Quanto delírio!

As situações foram essas. Acendi um cigarro. Peguei uma taça de vinho. Tinto. Fiquei cheia de esperanças novas, amores lindos e iludidos. Fechei os olhos. Respirei o que ainda restava em mim - e se restava alguma coisa mesmo -. Restava. Sempre resta um pouco de alguma coisa que não sabemos e nem nunca entendemos a não ser sentindo. Analisei o que me restou. Nada muito importante, acredito. Você também acreditaria?

Por situações como essa, eu aprendi a andar cada vez mais sozinha e a encontrar, em cada coisa que me acontecia, tudo aquilo que achamos graça e que tornava a vida mais bonita. Então, enchi o peito de alegria...

E decidi ir embora pra conseguir dormir.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Me fizeram acreditar.


Me fizeram acreditar que eu só cresceria se eu deixasse de acreditar que bicho-papão existe, que a água é azul, que toda novela tem final feliz e que desenho animado é pura imaginação.

Me fizeram acreditar que eu só cresceria se eu deixasse de acreditar que andar com os pés descalços deixa doente, que olhar no espelho depois da refeição deixa a boca torta e que sair do banho quente e pegar vento frio faz mal.

Me fizeram acreditar que eu só cresceria se eu deixasse de acreditar que simpatia traz um bom amor, que atropelar as listras na calçada dá azar e que colocar o dedo na tomada dá choque.

Me fizeram acreditar que eu só cresceria se eu deixasse de acreditar que filmes de terror são reais, que palhaços não dão medo, que o papai noel é um bom velhinho, que o coelho da páscoa é que me traz os ovos de chocolate, que a fada dos dentes não é meu pai ou minha mãe, que brigar com os irmãos é bom, que se revoltar com a família é o melhor remédio pra qualquer monotonia, que fugir é divertido e que é possível ser feliz completamente sozinho.

Me fizeram acreditar que eu só cresceria se eu deixasse de acreditar em todas as coisas que sempre acreditei. São as mentiras que me conto, que me contam e que também conto e contam por aí. São coisas de criança que não passam em tempo algum.

Só não me fizeram acreditar que deixar de ser criança pode ser bom - ainda bem -.

sábado, 2 de outubro de 2010

Im-Possible.


Eu continuei. Era preciso continuar. Não sabia que seria tão difícil, não sabia como seria o daqui pra frente. Não cogitava a possibilidade de ver a minha vida sem um certo tom de alegria. Multicolorida, eu diria, talvez.

Nunca pensei em me ver como eu era, em aceitar que eu falhava, que eu errava, mas que também consertava. Era possível, por mais impossível que as pessoas me pintavam ser. Eu falhava, eu errava, mas eu também consertava e mudava quando preciso.

Eu continuo. Foi preciso continuar. Não sabia direito quem poderia me aceitar daqui por diante - e mesmo assim, me aceitou com tanto gosto - desse jeito novo que eu sou. Novo no pensar. Novo no amar. Novo no admirar. Novo no conquistar. Novo em tudo aquilo que eu achei mais do que cabível inovar.

Nunca pensei em ser diferente do que eu era, em aceitar que poderia ser e simplesmente seria, perderia, mas que também teria. Era possível, por mais impossível que as pessoas achavam ser. Eu seria, eu perderia, mas também teria e resolveria ter quando e como eu bem entendesse.

Eu continuei e continuo em uma busca incessante do que é viver e continuar, do que é ter e caminhar, do que é aprender e ensinar, do que eu preciso aceitar e deixar.

A porta do impossível pro mundo, é a janela do possível pra mim. Onde me debruço, respiro fundo e digo: "Finalmente, ar puro."

Eu me convido à vida. E, com ela, eu vou, aonde quer que vá.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Saudade.


Saudade é uma palavra que só existe em português. Significados extensos pra um mesmo sentimento. Saudade, algumas vezes, pode até significar alegria por algo que aconteceu. Saudade, outras vezes, pode até significar tristeza por algo que se diluiu em pó. Passado o tempo. Passado os momentos. Saudade é o passado que se foi e que ao mesmo tempo ficou.

Saudade é o lado bom da vida. Embora fira e finda ainda mais a ausência que um outro alguém faz em nossos dias. É aquele feeling que não se encontra em qualquer esquina. É o cheiro que se difunde nas lacunas da rotina. É o gosto do beijo, diferenciado pela saliva - aquela -. É o abraço que comprime o medo, despertando alegria. É a mão sob a mão como se esse gesto fosse a coisa mais segura e mais bonita. A saudade nunca é calculada, é sempre desmedida.

Saudade é uma palavra dolorida. Nem sempre seu significado se resume a falta. É nostalgia certa. À espreita do coração que salta do lugar mais alto e despenca. Chega sem hora e nem dia marcado e simplesmente se aloja. Faz moradia dentro do peito, se acomoda. A saudade nunca é imposta, é sempre sentida em suas várias formas.

Ontem li uma coisa que uma amiga me mandou, onde dizia que: "Saudade é o amor que fica!". Se existe definição melhor do que essa...

O que é saudade então?

(Obs.: Um beijo pra Natassia Perella, que me cedeu a citação acima.)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Voar.


Quero correr pro mais longe que eu puder. Tomar impulso. Voar. Quero mergulhar nisso que eu não conheço. Céu azul. Cinza. Branco. Alaranjado. Quero analisar o que terá acima de mim. A baixo. Dos lados. Não quero perder nada. Mergulho, então. Me revirando ao contrário.

Quero flutuar. Tons de nuvens. Sonhos bonitos. Os despedaçados, deixamos na beira do rio. Riacho. Onde a correnteza não seja capaz de levá-los pra longe. Deixo onde eu consiga alcançá-los, pra nunca esquecê-los e nunca esquecer de onde - e como - eu vim parar aqui.

Quero ter asas. Fazer curvas perigosas. Calculadas. Alçar voo. Esquecer os problemas e todos os desgostos. Voar sem rumo. Encontrar e abraçar o mundo. Brindar a vida em um simples gesto de voar. Ver o sol dormir. A lua acordar e o inverso também. Repousar quando preciso. Continuar a jornada entre o que eu sou e o que eu quero ser. Conquistar a liberdade, sem a menor vaidade. Dar de cara com o absurdo, sem tanto desespero. Não deixar que o meu coração se torne surdo. Pulsar, sempre. Por que não?

Quero correr o mais longe que eu puder. Preciso ser valente. Quero me libertar de você que tanto me prende. Quero porque simplesmente quero e não encontro outra razão pra ficar - às vezes não quero -. Você me obriga a querer. Então, eu quero, pois. Quero voar pra longe de tudo isso que me faz voltar sempre pra você, que é o meu ninho... Meu ninho doce e tão belo de amar.

Acordei cheirando a bom dia. Bons ventos pairando no ar. Acordei com uma vontade tão grande de ser passarinho, não tem como deixar pra lá.

Quero tentar ser. Me deixo ser, porque eu te deixo ser também.

domingo, 26 de setembro de 2010

Amor.


" s.m. Afeição viva por alguém ou por alguma coisa: o amor a Deus, ao próximo, à pátria, à liberdade. Sentimento apaixonado por pessoa do outro sexo: as mulheres inspiram amor. Inclinação ditada pelas leis da natureza: amor materno, filial. Paixão, gosto vivo por alguma coisa: amor das artes. Pessoa amada: coragem, meu amor! Zelo, dedicação: trabalhar com amor. Amor platônico, amor isento de desejo sexual. Por amor de, por causa de. "

Amor não se pede, amor não se cobra, amor não se esgota. Ou você tem de monte, ou você não tem. Sem substituições de nomes. Amor não se implora, amor não se joga fora, amor não desbota. Ou você sente de monte, ou você não sente. Sem nada que consome.

Amor tem que ser lindo, vivo, colorido. Amor tem que ser destinto, íntimo e nunca extinto. Amor traz graça, paz e alegra a alma com a moça que passa. Amor é febril, deixa doente de saudade quando a ausência invade sem nem ter cabimento.

Amor é gratuíto, imune a qualquer inimigo, prefere beijos, abraços e sorrisos. Muito carinho. Amor é a pura afeição, a união entre tudo o que há de bom e que luta diariamente pra continuar com os pés no chão, mesmo que a emoção se perca nessa imensidão.

Amor não fere, amor não mata, amor não vinga, amor não se cala. Amor rouba o fôlego, arranca suspiros, invade de mansinho e floresce onde a terra não se adubou. Amor é flor, essência e perdoa qualquer inconsciência.

Amor é o bom dia da vida, pra moça bonita que te chama pra dançar.
Amor é o bom dia da vida, pra moça bonita que, pra mim, é você e outra não há.

A moça bonita, o amor, o bom dia e você...
O que mais pode me faltar?

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Não era.


Não era pra ser uma despedida, mas foi. Se perderam em meio ao mar, a terra, o sol e o luar. Sem opções, sem saída, sem subjeções. O elo se desfez, o toque se conteve e a alegria deu lugar a rigidez. Não se encontravam, não havia mais espaço. Queriam liberdade, queriam seriedade e acabaram com um simples vazio dentro do peito, sem tanta expectativa com novos ares.

Mudaram. Mas jamais se esqueceram do que tinha acontecido e de como aconteceu. Poderiam ter se desligado. Poderiam, mas não. Acreditavam que nada mais na vida doeria tanto como tudo doeu. Doeu, deu e doeu mais ainda porque nada conseguia, diante disso, renascer. Não renasceu e por fim, não renasceram. Prevaleceu na memória a lembrança do que foi bonito e não findou. Nas entranhas, o cheiro daquele pescoço, ainda continuou.

Procuraram. Muitas pessoas passaram, mas nenhuma teve o peso que eles tiveram um pra o outro. Novas felicidades. Novos acontecimentos. Novos planos e lugares. Nada foi capaz de suprir aquele pedaço que somava junto com aquele outro pedaço. Eram inteiros juntos e, agora, se viam obrigados a serem inteiros-separados. A angústia que cobre os corações, faz da vida deles um roda-moinho de turbilhões.

Não era pra ser uma despedida, mas foi. Se perderam e se encontraram, se perderam de novo e se reencontraram na velocidade da luz. Não foram capazes de se enredarem a ponto de nunca desistirem. Pagaram um preço muito alto por não lutarem, por falharem, por matarem o amor e não ter a quem culpar. Tiveram que aceitar o que era dado e não mais reclamar.

Não era. Mas foi e é. Você aí e eu aqui.
E o mundo conspirando pra o fim de tudo isso... Sem final feliz.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Tenho tanta.


Tenho tanta coisa pra escrever, mas sempre me faltam palavras, argumentos, acentos, vírgulas e fábulas. Faço um amontoado de pensamentos impossíveis de serem traduzidos, por ultrapassar todo e qualquer sentido. Nada preenche, nada transcreve. Não há lápis, caneta, nanquim ou pincel. Nenhum bloco de notas ou folha de papel. Minhas emoções são um verdadeiro carrossel: se repetem e se repetem constantemente.

Tenho tanta coisa pra escrever. Dá vontade de escrever sobre o mundo inteiro - e descrever tudo -. Escrever pra quem conheço, e também pra quem nunca conheci e que talvez nem conheça, mas que, com certeza, entenderia todas as coisas que tento dizer pra quem nomeei saber e que tento colocar aqui em busca de algo que nunca soube definir, que nunca entendi o por quê. Dá vontade de listar todos os defeitos, conceitos, pensamentos e sentimentos. Escrever sobre o verde da grama, o estar na lama, o céu azulado ou até mesmo cinzento.

A vida. Tão bonita. Íntima. Vítima de nós mesmos. Quanto - e ao mesmo tempo nenhum - cabimento. Poderia ser diferente se soubéssemos ousar, arriscar sem pestanejar. Se cada palavra que escrevêssemos tivesse força suficiente pra nos encontrar. A vida. Tão bastarda. Ingrata. Desgraçada por nós mesmos. Quanto - e ao mesmo tempo nenhum - bom senso.

Tenho tanta coisa pra escrever. E escrevo. Mas deleto, deixo passar, esqueço o que eu escrevi e vivo num eterno começo e recomeço, do que é, literalmente, estar aqui. No viver, aprender, e absorver o que a vida me traz, o que trago comigo, o que a vida me escapa e o que escapa de mim.

sábado, 11 de setembro de 2010

Help.


Reconhecer que é preciso recomeçar a vida do zero é um ato de reconquistar aquele nosso "eu" que deixamos submergir, afundar, afogar em épocas difíceis onde nada dava pé, onde tudo acabava n'água. Muitos RE'S habitam em mim: o reconhecer, recomeçar, reconquistar, reagir, reascender, renascer, reavivar, relutar, recuperar, reerguer, etc. Tomam conta de mim numa imensidão que eu não dou conta! Não há como detê-los, nem como mantê-los, muito menos como destruí-los.

São peças-chaves - sempre - pra uma nova vida, um novo caminho, uma nova alegria, um novo destino e até mesmo uma estrela guia. Ah! Há quanto tempo não sei o significado de caminhar com algo ou alguém que me guiasse por onde não sei ir, locais quais eu não consigo, não posso - ou teria medo? - de atingir?. Profundos são os caminhos do coração. Essas veias do corpo que levam sangue, emoção, dor e frustração pra todas as partes. Atingem, ferem, matam e são capazes, até mesmo, de deixar cicatrizes expostas, aquelas na pele, como tatuagem.

Cicatrizar o já ferido, recomeçar do zero, seguir sozinho, se manter iludido, continuar insistindo. Não sei! Porque costumo seguir sempre aquilo que acredito, no que sinto, no que penso e, por fim, existo...

Só que pra isso acontecer, daqui por diante, é preciso de um HELP!
Existe alguém aí, do outro lado, que se diagnostique com os mesmos sintomas que eu, a fim de seguir por qualquer caminho ao lado meu? Me ajuda, se possível for.

Citações a parte: "Prefiro analisar os caminhos. O que tiver mais coração, eu sigo." Vamos! Vamos! Me ajuda a acertar o caminho. Pelo menos dessa vez, mais uma vez. A última.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Decidi.


Decidi que não quero e pronto! É simples. Equação utilizada pra quando você quer muito alguma coisa e não pode ter. Qual o critério pra se continuar querendo, já que não é possível tê-lo?

Decidi que não quero e pronto! Me aflijo, faço burburinho, choro baixinho mas continuo no meu caminho, mesmo sem saber o que me espera ou o que pode acontecer. Sigo adiante, de forma inconstante e a procura de abrigo e - por que não? - um tanto de perigo.

Decidi que não quero e pronto! Fico exausta, exposta e a minha desistência exala. Dizem que não é nobre desistir, mas acho nobríssimo saber a hora de parar e canalizar aquilo que a vida deixou estar e que você não sabe onde colocar. Murmuro baixinho: "Ei! Está na hora. É hora de acordar. É hora de viver. É hora de (se) amar."

Decidi que não quero e pronto! Comigo não existe o meio-querer-meio-ter-meio-ceder-meio-amar-meio-continuar-meio-alguma-coisa-que-procuramos-sempre. Tem que ser inteiro, com bastante recheio, sem nenhum rodeio, receio ou medo. Tem que fragilizar, encantar, magicalizar, enredar, suspirar e respirar. Tem que ser limpo, barulhento e quietinho, frio e quentinho. Tem que ser. Tem que ter. Tem!

Decidi que não quero e pronto! Porque banho-maria não deixa a vida mais bonita. Meio termo não cabe nas pontas dos dedos e em nenhuma alegria.

Decidi que não quero e... Mesmo decidindo com tanta convicção, sei que ainda vou querer! Vou querer alguma coisa boa e bem bonita, mas que venha de você.

domingo, 22 de agosto de 2010

Tempo exato.

Tempo exato não cabe na palma da mão. Não transpira, não atina e nem desatina, não. Todo tempo, se não aproveitado e compartilhado, se resulta em solidão. Tempo em anos, meses, dias, horas, minutos e segundos. Tempo de se perder, de se encontrar, de mudar o - por que não o seu? - mundo.

Tempo exato não tem calma e não tem caos. Os ponteiros se encontram e se desencontram, em um compasso frenquentemente descompassado e ponto final. Tempo demasiadamente longo pra mudar, adaptar, limpar, transmutar e continuar.

" Tempo, tempo, tempo, mano velho! ". Não existe um aliado melhor do que o tempo. No tempo que se foi, aproveitamos as migalhas que nos foram deixadas, de cicatrizes ocasionadas, paixões condenadas, amores falidos e bandidos. No tempo que virá, abrimos o coração e esperamos bons ventos, sem tantos tormentos, mentiras ou contradições - e sem interrupções - e por um único motivo: todo tempo exato, é lindo.

Tempo exato é aquele que é. Faz, refaz, modela, conserta, bagunça, ludibria, persuade e sente. Tempo exato é hoje, nesse momento, onde podemos pensar no que fomos, somos e ainda seremos. Tempo exato é agora, nesse momento, onde você pensa, repensa e se acalenta no simples fato de que pensar já faz o tempo se desajeitar, passar e continuar passando.

Enquanto o tempo for tempo e ainda houver tempo, ainda existem formas de crescer e aceitar. Que tempo é tempo. E se é tempo, tempo sempre será.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Paciência.

Quem disse que ter paciência é fácil? Acreditei por muitas vezes que se fôssemos mais pacientes, deixaríamos de ser tão intransigentes. Besteira. A medida que o tempo foi passando, fui percebendo que todo ser humano sofre de uma falta-de-paciência-constante. Já nascemos altamente doentes, digo doentes porque ser paciente ficou lá atrás, não importa mais, não é tão decente. Eu quero tudo na hora, eu quero tudo do meu jeito, com ou sem defeito. Afinal de contas, a vida não espera e, definitivamente, hoje somos mais apressados do que a própria pressa.

Me prendo nessas grades do que é ter paciência, no auge da história onde tudo-poderia-ter-um-pouco-mais-de-paciência-porque-o-mundo-pede-calma-e-um-pouco-mais-de-alma - e acredite, eu também peço -. Grades + Paciência. Seríamos, então, prisioneiros de nossa própria paciência quando o mundo inteiro se torna impaciente o tempo todo? Seríamos, ainda mais, prisioneiros de nossas expectativas por esperarmos tanto, quando, impacientemente, não queríamos esperar mais nada?

Complicado de se definir, uma linha tênue entre pensar e sentir.
Paciência? Onde é que eu deixei a minha?

domingo, 18 de julho de 2010

Laços.


Laços são assim, tem de todos os tipos, tamanhos, cores e tecidos. Uns chamam mais atenção, outros até passam despercebidos. Mas todos eles são bonitos. Conheço muitos tipos de laços: soltos, enredados, cegos, desfiados, mal cuidados.

Engraçado como colecionamos tantos. Existem laços na minha vida que eu já desfiz, laços que se desfizeram quando eu não queria desfazer, laços que se desbotaram e perderam o juízo, laços que reavivaram quando deveriam ficar quietinhos, laços grandes e que se soltaram no primeiro toque, laços pequenos que nem com reza brava se desmancha.

Tenho laços de todos os tipos. Coleciono-os sabendo de todo e qualquer perigo. Mas, fazer o que? Virou vício. Faço, refaço, ato e desato muitos desses laços e cada um que se vai, deixa um pouco em mim: seja na cor, na forma, na dor de ter perdido, quebrado ou descosturado. Passo, reparo, observo, disparo um olhar conflitante pra todos os outros laços que ficaram, fincaram e restaram em mim.

Coloquei meus laços preferidos dentro de uma caixinha e sempre abro-a pra olhá-los e sussurrar baixinho: "Apesar de todos os laços perdidos, ainda coleciono os mais bonitos!".

Repasso os olhos um a um, relembrando o quanto cada laço representou em minha vida, o quanto cresci em alguns aspectos e o quanto regredi em muitos outros. Alguns arrependimentos, confesso. E de todos os laços, fortes, fracos, coloridos e desbotados... O teu laço - que se desfez e se desfaz a cada dia - continua sendo o preferido, o guardado no lugar mais íntimo, onde ninguém mais possa tocá-lo, ferí-lo ou desfiá-lo.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Esperançar.


A gente teima em ter esperança - o tempo todo e com tudo -. Acho engraçado a maneira como agarramos isso com tanta força na certeza de que uma coisa pode, e literamente vai, acontecer, assim, somente pelo fato de acreditar.

Ter esperança até que é bom: esperança pra sonhar, esperança pra realizar, esperança de ou pra amar, esperança de encontrar, esperança em ter, esperança em conquistar, esperança pra sorrir, esperança pra chorar, esperança pra voltar, esperança pra conciliar e reconciliar.

Regamos essa sementinha de esperançar todos os dias, sem saber se ela vai brotar, florescer ou simplesmente apodrecer e morrer antes mesmo de germinar. Mas regamos, continuamos regando e adubando na esperança de que tal feito vai se realizar, assim, num passe de mágica e em poucos segundos.

Me pergunto até que ponto ter esperança é bom. Talvez, a maior responsável em destruirmos todo e qualquer feito antes do êxito seja ela própria, já que na maioria das vezes nos decepcionamos por acreditar e sentir algo tão a finco e esse mesmo sentir acaba sendo nulo e a única vontade que te sobra é de desistir, oprimir, reprimir e por aí vai. Mas se ser esperançoso com algo ou alguém não fosse bom, muitas pessoas não seriam e penso que se esperançar-se fosse falho, qual seria o propósito dessa vida então?

Chego a conclusão de que a esperança só se é boa quando se tem chão. De que adianta se esperançar voando, caso você receba um não? De quê?

- Sei não, bobagem pura! Diria fria, pura e crua. Talvez até nula, um não.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Brincadeira de criança.


Me sinto perdida, é verdade! É tudo tão confuso quanto saber os nomes de todos os meus parafusos... São tantos. Sempre entendi a vida como se fosse uma "dança da cadeira". Que termo mais rídiculo pra definir uma vida - penso -, mas era assim que funcionava. As pessoas vinham enquanto a música tocava, rodavam em volta, ansiosas pra quando a música acabasse e quando ela acabava, os mais espertos sempre se sentavam e, assim, era mais fácil saber quem ficaria ou quem iria embora. Que método mais estúpido pra saber quem vai e quem fica na sua vida - penso novamente -, mas era assim que era, era assim que eu pensava.

Sempre achei que assim fosse mais fácil, mas é tão mais complicado. Afinal de contas, o que poderia dar errado? Era simples, a música rolaria, as pessoas brincariam e quem fosse mais ágil sentaria na cadeira. Uau! O que haveria de complicado nisso? Era um método tão antigo, brincadeira de criança, e nada eficaz pra se ter certeza qual o lugar que cada pessoa ocuparia. Ledo engano e quanto desengano veio junto com tudo isso! Não imaginaria o estrago que tudo isso poderia fazer em mim, porque essa mesma cadeira representava meu coração e não era qualquer um que poderia sentar, embora todos se sentassem e machucavam-me e torturavam-me e derrubavam-me e arranhavam-me e maltratavam-me e quebravam-me e...

Nada durou por muito tempo. Ninguém que era capaz de se sentar por ali, permanecia por muito tempo. Afinal de contas, era só uma cadeira. Quem é que haveria de querer ficar sentado em uma cadeira nada confortável e cheia de arranhões durante muito tempo? Dá um trabalho danado corrigir os defeitos, de levar pra o conserto, de prestar assistência. Queremos o prático, queremos o óbvio e se algo que temos se quebrar, jogamos fora ou deixamos de lado. Fazemos entulhos de emoções, um amontoado de coisas más resolvidas que jamais seremos capazes de resolver, de entender ou até mesmo de escrever.

Hoje a música não toca mais e a cadeira continua no mesmo lugar, e as pessoas se mudaram. Não existe mais ninguém pra se sentar ou pra maltratar. A brincadeira de criança ficou lá atrás, é hora de crescer, é hora de melhorar, é hora de fazer diferente, é hora de mudar. Hoje a música não toca mais e a brincadeira também não existe mais. Maldita brincadeira que me rendeu traumas que jamais esquecerei, assim como todos os bons momentos também, que incluem você.

Ainda me lembro da última vez que brincamos e que você se sentou nessa mesma cadeira, como se fosse a coisa mais certa a se fazer. E era, sempre foi, sempre vai ser e por esse motivo ela nunca mais saiu do lugar, e a música nunca mais tocou, não havia mais motivos pra tocar... Porque apesar de todos os traumas e toda a dor, você continua ocupando o lugar mais bonito - e dolorido - daquilo que eu chamo de "meu coração".

domingo, 11 de julho de 2010

Caminhos tortos.


Penso que se nossos caminhos não fossem tortos como são... Jamais nos encontraríamos. E como foi bom te encontrar, te reconhecer e me reconhecer em você também. Penso que se fosse tudo retilíneo, eu viveria em um completo desatino sem saber que o que me faltava era você.

Mas você, falo de você com tanto amor porque é amor que eu sinto, mesmo sendo um amor totalmente contrário do amor que eu preciso. Falo de precisar porque sempre precisaremos de algo que não temos ou teremos, mas continuamos nessa busca pelo simples fato de precisar e, quem sabe, encontrar.

Falando em encontrar, encontrei em você muitas coisas. Encontrei o seu caos, encontrei minha calma, encontrei o seu drama, encontrei a minha alma, encontrei o seu pulsar, encontrei a minha alegria, encontrei a sua inconstância, encontrei a minha vida, encontrei sua inflexibilidade, encontrei minha versatilidade... Te encontrei em mim, me encontrei em você. O que mais isso poderia parecer?

Era amor e pronto! Eu sei que ainda continua sendo amor, mesmo lutando pelas causas perdidas, amor que é amor... É amor pra toda vida, e como eu seria capaz de travar uma batalha contra a coisa mais bonita que eu sentia? Era você e pronto! Eu sei que era você e continua sendo, mesmo que o mundo esteja de cabeça pra baixo, mesmo que ele desabe... Não há céu que rejeite, não há nada que acabe.

Penso que se nossos caminhos não fossem tortos como são... Jamais nos encontraríamos. E eu agradeço todos os dias por nada entre nós ser tão retilíneo. Porque se ao invés de progredir, a forma de te encontrar fosse voltando pra trás... Eu voltaria por todas as vezes, por todos os dias só pra ter a grande alegria de sempre poder cruzar com você de algum jeito, com todos os defeitos, contratempos e sujeitos que rondam a sua, a minha e a nossa vida.

domingo, 4 de julho de 2010

Diálogo.


Se encontraram, finalmente se encontraram, se abraçaram mas não se entregaram. Se olharam e por vários minutos pensaram, silenciaram qualquer medida drástica que poderia ser tomada naquele momento. Ela teve medo de se entregar e não ser aceita como era. A outra não se entregou por medo de se arrepender dessa mesma entrega. Se calaram, por fim, se perdendo daquilo que era quase impossível se perder. Em um colapso nervoso, em uma despedida, já que nada mais poderia ser feito e no rompimento certo e no tudo quase desfeito...Vem o diálogio:

Ela: Você realmente vai embora assim?
Outra: Eu vou. Percebi que depois de todo esse tempo não é mais possível ter o mínimo de compreensão entre nós, você não faz por onde. Por que eu haveria de sempre fazer?
Ela: Mas eu pensei que você me amasse.
Outra: Eu amo, e muito. Mas tenho preferido me amar primeiramente. São tantos traumas que eu não consigo mais amar tão sem limites como você precisa, porque eu também preciso que alguém me ame assim. Você me ama?
Ela: Eu amo. Você não sabe disso?
Outra: Sei. Só estou perguntando se você seria capaz de me amar sem limites por já me amar de alguma forma.
Ela: Não sei! Tenho medo de tudo o que foge do meu controle, acredito que nada do que eu possa controlar vá ser bom pra mim.
Outra: Você acredita que o amor pode ser controlado?
Ela: Não.
Outra: E como você diz que me ama? Entenda, você não pode me controlar, muito menos se controlar.
Ela: Mas eu te amo, é verdade.
Outra: Eu sei, mas eu queria entender como você me ama. É tão subentendido, tão escondido. Queria saber se dá mesmo pra se amar alguém assim.
Ela: Eu só tenho medo.
Outra: Medo do quê? Estamos no mesmo barco e se queremos isso, precisamos remar juntas.
Ela: Acho que eu não consigo mais remar, sou tão machucada que eu não tenho mais forças.
Outra: E como você quer que eu reme? Como você quer que eu fique? Não dá pra entrar nisso sozinha, eu não quero, eu não posso fazer isso comigo e nem você.
Ela: Eu só não queria que você fosse embora.
Outra: Eu só queria que você fizesse por onde pra que eu ficasse.
Ela: Eu quero que você fique.
Outra: E por quê? E pra quê?
Ela: Porque apesar do medo que eu sinto, é com você que eu quero ficar pra te fazer feliz.

Tentaram... Tentaram por horas entender algo que não era entendível. Buscaram profundas soluções pra tudo o que era, o que estava e tinha se tornado insolúvel. Choraram, partiram os corações na certeza de que poderiam colá-los algum dia novamente, mas já estavam tão neutros que desacreditavam de qualquer salvação pro que nascia: mais uma desilusão.

Outra: Quero alguém que me prove isso a cada dia e não somente nos breves momentos de alegria.
Ela: Mas eu posso melhorar, por você.
Outra: Quero que você melhore por você, não por mim. Isso seria anular sua vontade.
Ela: Não estou entendendo onde você quer chegar.
Outra: Quero chegar no ponto crítico de qualquer relação: no quanto somos felizes e fazemos a outra pessoa feliz também.
Ela: Você é feliz comigo?
Outra: Sim. e você, é feliz comigo?
Ela: Sou.
Outra: E por que somos assim?
Ela: Porque você é exigente.
Outra: Como assim?
Ela: Você espera muito de mim e esse muito é um processo difícil.
Outra: Se sentir amado é sinal de exigência?
Ela: Não.
Outra: É só disso que eu preciso, e você não entende e não quer entender.
Ela: Então tá.
Outra: Tá. Agora eu vou.

Não se despediram, porque não queriam. Não acreditavam que toda essa história acabaria dessa forma, apesar de saberem que tudo já estava acabado. Mas não aceitavam, relutavam, se machucavam diariamente com a falta que a falta fazia. A outra deu as costas pensando: "Como eu queria que, nessa hora, você estivesse correndo atrás de mim e me impedindo de fazer isso.". E ela, que tanto temia ficar sozinha, e perder a outra que mais queria, ficou olhando-a até perder de vista e pensando: "Como eu queria que, nessa hora, você voltasse correndo me impedindo de aceitar a sua partida."

Por fim, choraram por noites e dias e nunca mais se viram...
Porque a vida fez questão de nunca mais cruzar os caminhos.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Um certo ódio.


Dá um certo ódio não ser reconhecido. É um ódio tão grande quando você olha pra traz e vê tudo o que você fez, mesmo sem esperar nada em troca, mas torcendo pro mínimo de reconhecimento surgir, já que tudo era recíproco até então. Ficamos cegos de tanto ódio quando percebemos que quem mais amamos, foi justamente quem mais pisou em nosso coração.

Odiamos com tanto gosto que chegamos até mesmo amar o próprio odiar. Coisa louca essa de amarmos aquilo que odiamos, mas é que odiamos com tanta força que acabamos amando, da maneira mais errada, mas ainda amamos por ser tão presente, que dói, que estilhaça, que arregaça sua cara na vidraça e te mostra aquilo que você não quer ver, e não por medo mas pra tentar esquecer.

Dá um certo ódio recomeçar. É tão infeliz você ter que mudar a direção toda vez que algo dá errado, que não vai pra frente, que não tem como você acompanhar. A gente esbraveja, range os dentes, perde o controle. Fica inconsciente, valente, inconsequente, chora, se arrepende. Tão deprimente!

Odiamos com tanta força que somos capazes de esquecer que aquilo foi bom. Mas se foi tão bom, por que odiamos? Seria então uma espécie de: "Eu odeio porque acabou, quando não poderia!" ou "Eu odeio porque nunca deveria ter acontecido e acabou"?. Se tudo acaba porque uma hora tem que acabar, por que insistimos em odiar? Por que é que temos, sempre, que continuar?

Dá um certo ódio não consigo esquecer. É tão triste você correr por todos os lados e voltar nas lembranças, momentos, histórias e dramas que ainda te prendem ali. É tão difícil continuar adiante quando tudo o que você mais desejou te puxa pra trás e esse alguém não se importar, simplesmente te deixa passar, sem se incomodar. Afinal, é página virada, rasgada, queimada e jogada em qualquer lugar.

Odiamos tanto, em meio há tantos erros, que fica impossível enxergar algo de bom que tenha permanecido. É tão terrível você ter a idéia de ter se dedicado, amado e respeitado e isso não ter sido mútuo, muito pelo contrário... Foi tudo muito sujo, muito turvo, muito nulo. Ficamos tão cegos por odiar que a cede de vingança fica clara, vasta e de empolgação tamanha.

Dá um certo ódio e é um ódio tão grande que, nessas horas, nem odiar por odiar vale a pena. Mas dá um certo ódio, e como dá.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Penso, logo.


Acordo e apenas penso. Penso porque pensar move o mundo, idéias, multidões, acalma demais os corações e muda as direções. Penso e logo existo. Existo porque pensar me leva a procurar o propósito que vivo, que insisto, que me inspiro. Penso e logo fico. Fico parada no lugar, porque apesar do pensamento mover, ele me move sempre pro mesmo lugar.

Acordo e apenas penso. Penso e reflito. Reflito porque faz parte do cotidiano-que-criamos-cotidianamente-pra-nós-mesmos. Penso, logo crítico. Crítico porque qualquer crítica é benvinda, qualquer coisa que possa melhorar ou afundar a sua vida, tudo depende da sua interpretação racional. Penso, logo sorrio. Sorrio porque não tem lugar pra tristeza aqui, porque a vida me proporciona sensações sem fim. Penso, logo desisto. Desisto porque é necessário desistir, é necessário saber a hora de dizer não, de parar, de simplesmente partir.

Acordo e apenas penso. Penso, logo vou saindo de fininho. De fininho porque o mundo anda tão complicado que hoje eu quero fazer não tudo por você, mas mais por mim.

domingo, 27 de junho de 2010

Vem você.


De repente, vem você. É, eu digo de repente porque foi assim que aconteceu. Você veio e me tirou o sono, me apresentou o caos, as noites em claro, o desespero. Você veio e colocou o meu mundo de cabeça pra baixo, como um tornado. Revirou as gavetas, jogou as roupas no chão, bagunçou a cama. Você veio e fez da minha vida um eterno drama, sem dama, com uma péssima trama.

De repente, vem você. É, eu digo de repente porque foi assim que aconteceu. Você veio quando eu não esperava, você me cortou em gumes como se faz uma faca. Você veio e nunca mais me abandonou, você me transformou no pior que eu sou, você me mutilou como ninguém mais. Você veio e fez de mim um quase infeliz, andando na corda bamba, me equilibrando por um triz.

De repente, vem você. É, eu digo de repente porque foi assim que aconteceu. Você veio na hora errada, varrendo toda a poeira que tinha em minha casa. Eu disse: "Ei, eu não quero isso! Para, para!", mas você me olhava, tão profundo, tão obscuro que dava medo. O barulho que você fazia passando por todos os cômodos, era o mesmo barulho de uma ventania sem fim. Dava medo te enfrentar, porque você me olhava, e você me prendia e você me matava, sempre, aos poucos, como quem tivesse o prazer de me ver com medo, no desespero sem ter onde apoiar.

De repente, vem você. É, eu digo de repente porque foi assim que aconteceu. Você veio do nada, pulou o muro, abriu a porta, subiu as escadas e me encontrou. Você veio e simplesmente disse: "Agora é pra ficar, você não tem como escapar". E eu não tinha mesmo! Estava tão entrelaçada ao que você me propunha que eu não conseguia dizer não. Você simplesmente veio e me mostrou uma outra direção, me levou pra contramão do meu coração, onde não dava pé, onde não tinha chão.

De repente, vem você. É, eu digo de repente porque foi assim que aconteceu. Você veio e eu não pude resistir: abri os braços, te sorri e esqueci de ser feliz. Você veio e levou o melhor de mim e eu não consegui dizer não e nem mesmo sim... Você veio e me tirou pra dançar, mesmo sem música, e me fez levitar...

E nessa hora, você sussurrou tão baixinho no meu ouvido que eu quase não pude escutar. Mas escutei, e você disse:: "Diga adeus ao seu coração. Eu estou aqui com você e o prazer é todo seu, pois eu sou a sua solidão."

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Incompleta.


A vida é mesmo um quebra cabeça e sempre faltam peças preu me sentir completa. Sim, maneira terrível essa de continuar vivendo sabendo que falta algo ou alguém. Mas o quê? Quem? Por que, por que é que alguma coisa sempre falta quando você tem tudo nas mãos pra não faltar?

Nós mesmo é insaciáveis! Quanto mais temos, mais queremos e quanto mais queremos, mais perdemos. Amar o que se tem, o que se é dado não é se contentar com pouco, mas é reconhecer o valorizar o que se pode ter no momento, o que cabe nas suas reais condições e frustrações.

Mas nós sempre queremos mais. É essa mania de acharmos que pelo fato de querermos mais, é que vamos receber o mais. Expectativas, toda e qualquer expectativa na espera dessa coisa que ninguém sabe o nome direito e sub julgam de "felicidade". Me sinto medíocre pensando que só vou ser feliz se eu tiver isso, mesmo tendo consciência de que quando eu tiver, vou querer outra coisa mais incabível que essa por ter medo de me sentir satisfeita com o que tenho.

O que tenho, é tão importante, reconheço, valorizo e retenho com tanta amor. Mas eu sou tão grande que eu quero é mais. Digo mais em todos os sentidos: mais amor, mais saudade, mais compreensão, mais sinceridade, mais respeito, mais admiração, mais valor, mais, mais, mais. Embora seja dolorido querer, é na dor que nós crescemos, despertamos, melhoramos e envelhecemos.

Será que a medida que envelhecemos com a dor que sentimos, vamos valorizando pouco a pouco o que a vida nos oferece? Ou ficamos mais exigentes por achar que o mais da vida é sempre menos diante das nossas necessidades mais profundas?

Me sinto incompleta, porque falta algo ou alguém que eu não sei o que é ou quem. Mas já é dia! Olho pela janela, vejo a paisagem - tão linda - e até nela falta alguma coisa que eu não sei explicar.

Direciono os meus olhos, novamente, ao meu quebra-cabeça da vida e a única peça que falta... Eu não sei onde foi parar! Será que se encontra dentro de mim e eu não quero enxergar? Será?

Eu gosto mesmo.


Eu gosto mesmo é de palavrar. Juntar todas as letrinhas: sílabas + consoantes e fazê-las rimar. Gosto de textualizar tudo o que eu penso e o que eu sinto, assim não minto e nem omito.

São através das palavras que eu reajo, invado e me conheço. Palavras essas que, às vezes, até definem quem eu sou. E quando tento fugir delas, elas sabem onde eu estou.

Me procuram o tempo inteiro, reconhecem quem gosta, e o gosto, de palavrar. São dias e noites inteiros buscando, encontrando, perdendo e palavrando sem parar. Páginas em branco convidam lápis, lapiseiras e canetas pra preenchê-las com delicadeza. Quanta tentação! Não se pode ver uma página dando sopa que já chega a inspiração.

Eu gosto mesmo é de palavrar. Jogar as palavras no ar e depois sair juntando uma por uma: formando nuvens, sonhos, romances, decepções e aventuras. Gosto de constatar o incontestável, de atingir o inalcansável. No palavrar, tudo é benvindo e aproveitado.

Palavrar é a arte da escrita com o verbo amar.
Simplesmente, palavrar.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Um espaço vazio.


Aqui tem um espaço vazio que é só teu. É tão teu - e por inteiro - que se torna até cheio-de-não-sei-o-quê. As palavras se perdem diante de todas as coisas que já se perderam e que ainda se perdem a cada dia e não há maneira, não há forma, não há cura e nem remédio pro irremediável.

Tudo, sim, se torna irremediável diante dos nossos corações. Somos dilatados dia-a-dia por essa rotina esmagadora que nos obriga a abrir mão de coisas e pessoas que julgávamos tão importantes, tão incessantes, tão grandes dentro de nós mesmos e que, hoje, se tornam pequenas diante de qualquer necessidade que se tenha.

Aqui dentro tem um espaço que é só teu. E é mesmo! Por menor que seja, pela pouca importância que você dê, por nada de lembrança que você tenha... Aqui dentro de mim tem um espaço que é só teu, e que ninguém tira porque é na ausência que a gente descobre a essência, e é na essência que percebemos a magnitude e a magnitude se resulta em saudade.

Saudade! Puta palavra com um significado extenso e intenso. Me pergunto diariamente do que eu tenho saudade e a resposta que me vem na cabeça é: você. Saudade dos dias, saudade das ligações, saudade das confidências, saudade da lealdade, saudade do sorriso, saudade das cartas, saudade dos doces, saudade dos abraços, saudade dos olhares, saudade das mãos, saudade dos bilhetes, saudade das ligações nas madrugadas, saudade dos segredos, saudade dos momentos... É tudo tão saudade, tão vazio de saudade que se enche, transborda e o vazio fica cheio de tanto vazio.

Continuo repetindo que aqui dentro tem um espaço que é só teu, porque tem! E jamais será preenchido, ocupado, substituído. Meu amigo, o espaço que você conquistou é todinho seu, responsabilidade sua e irresponsabilidade do acaso, do destino, da vida, da força maior ou dê o nome que preferir, que te separou de mim. É um espaço que é só teu, cheio de saudade, vastamente sem fim.

É só teu, meu amigo...
Que saudade de ver você ocupando esse espaço, só.

"Amizade é um amor que nunca morre. Acontece que eu já morri...
E foi de pura saudade. Ah, meu amigo! Ah."

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Mais amor, por favor.


Amor é uma espécie de burrice, né? Digo isso porque quando amamos, ficamos burros. Sim! No sentido inteiro da palavra: totalmente burros. Somos incapazes de cogitar coisas negativas ao lado de quem amamos até que essas mesmas coisas acontecem. Uau! É sempre uma surpresa, quando não deveria ser, já que as pessoas que mais amamos são justamente aquelas que mais vão foder as nossas vidas. Ficamos extasiados imaginando o motivo pelo qual isso aconteceu, o porquê do amor não ter resistido, reagido e nos perguntamos: "Era mesmo amor?".

Amar é realmente burrice, mas que burrice boa. Não? Apesar dos pontos negativos - como todo e qualquer lado - quem é que não gosta de amar e se sentir amado? Estou falando daquela coisa de você se sentir retardadamente idiota por alguém, de não saber como reagir ao lado da pessoa, de não saber o que falar, da mão suar, dos olhos se desviarem e olharem pra outra direção, de afinar o ouvido pra não perder nenhum detalhe - nem mesmo o da respiração daquela que te arranca suspiros -. Sim, estou falando de amor, mesmo! Do amor mais burro que se sente nessa vida: o de amar da maneira mais amável, mais esdrúxula, mais completa, mais absurda que nem mesmo você é capaz de entender os motivos pelos quais o laço com aquela pessoa se torna tão forte que você é incapaz de achar alguma coisa nela rídicula.

Falo que amar é burrice porque quando amamos alguém, somos capazes de achar qualquer coisa nela bonita. É incontestável dizer que algo nela não vale a pena, até mesmo os defeitos se tornam bonitos e você os empurra pra baixo do tapete como se eles não existissem. Mas existem, e são tantos, mas tantos que você é capaz de não levar em consideração, relevar, justamente pelo fato de amar.

Nada disso deveria ser burro, é sinal de que amamos inconscientemente. E até que ponto algo inconsciente é verdadeiro? Até que ponto amar sendo verdadeiramente burro ao lado de quem se ama é correto, coerente, persistente?

Mas, quem foi que disse mesmo que pra amar era necessário todas essas razões?. Razões, taí uma coisa que não combina com as emoções, que não se encaixa, que tira o enredo, que faz barulho na percussão. Nós só queremos mesmo é amar! Fodam-se as razões, as contestações...

Se amar é ser mesmo burro, sou feliz por ser assim.
Quem é burro ama tão bonito, né? Eu sei.

Mais amor, então, por favor.
Quente, de preferência. E cheio de espumas de sonhos, só pra adoçar.

Eu só preciso respirar.



Eu só preciso respirar, ter um motivo pra sonhar, pra acreditar, pra fazer diferente. Eu só preciso de um tempo pra pensar, pra me organizar, colocar as coisas em seu lugar. Eu só preciso caminhar, mesmo que sem direção, mas seguir em frente pra me libertar. Eu só quero emoções, daquelas bem fortes, bem lindas, que transbordem o peito, encham o estômago de borboletas ginastas, me deem náuseas, me naufraguem e não me contenham. Eu só preciso respirar, ver a vida diferente, de um outro anglo, de um novo plano onde tudo e todo mundo é mais contente, mais vivente, mais crescente. Eu só preciso viver, mas tão intensamente que eu nem aguente a proporção, que eu queira cansar mas no minuto seguinte recuperar toda a vontade de continuar vivendo. Eu só preciso de combustível, de alguém que me empurre pra frente, que se importe, que demonstre, que me ame da maneira mais amável, que não sinta vergonha, que lute, que mude, que transmute, que faça vingar. Eu só preciso plantar a semente certa daquilo que eu quero regar, adubar e colher, quero ter orgulho de ver a semente virar fruto e flor sem pensar em me arrepender. Eu só preciso respirar, tragar a vida de uma só vez, sem precisar contar uma, duas ou três vezes.

Eu só preciso levantar, lavar o rosto, tomar um banho, trocar de roupa e conhecer o mundo. Eu só preciso acordar e ter coragem suficiente pra me investigar bem lá no fundo. Eu só preciso correr, pra onde ninguém me alcance, onde eu fique de olho em todos os lances e mate aquele coelho com uma cajadada só. Eu só preciso me amar, me colocar em primeiro lugar, me fazer acreditar que eu sou melhor, SIM, pra muitas pessoas que não são capazes de aceitar esse melhor, eu sou. Eu sei e, por isso, sabemos.

Eu só preciso respirar, é sério! Preciso de oxigênio limpo, de pessoas lindas e sinceras, que me somem um pouco mais de amor e de vida, que cresçam comigo, que me acompanhem, que se importem, que sejam, assim, tão coração enquanto esse mundo - e que vasto mundo - é somente razão, chateação, turbilhão.

"Eu só preciso respirar" - retrucava dentro de si - "Será que é tão difícil assim? - Sei lá!"