terça-feira, 14 de dezembro de 2010

As almas.


Caio Fernando de Abreu foi sábio quando disse: "Num deserto de almas, também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra." Não há necessidade em dizer, explicar e tampouco contestar quando esse reconhecimento acontece, assim, inesperadamente.

Quantas almas passam pela nossa vida e levam nosso encanto? Quantas outras passam e deixam a sensação de que cometemos um engano? Quantas outras ficam e fazem a diferença? Quantas outras ficam contidas, guardadas no coração, na memória ou na lembrança? Quantas outras aparecem em nosso caminho, tão desconhecido, às vezes temido, florescendo o percurso com sorrisos largos e bonitos?

Quantas outras ainda estarão por vir, mudando nossos planos, revirando tudo de cabeça pra baixo. Quantas tantas ainda nos cruzarão, sorrirão e sumirão. Quantas mais amaremos, sentiremos saudades, pensaremos com gratidão? Quantas? Serão tantas. Muitas entre um milhão, um bilhão, um trilhão. Passarão, passarinho, construindo ou destruindo ninhos. Serão tantas, são tantas. Algumas sempre ficam, as verdadeiras sempre ficarão, independente do tempo, do espaço, do contratempo, do acaso, da solidão e até mesmo do coração.

Insubstituíveis. Cada qual à seu modo e seu peso, fazendo chuva ou fazendo sol. Magoando ou amando, em silêncio ou conversando, sorrindo ou chorando. São essas particularidades que nos abrem os olhos ou nos afogam em solos. Uma infinidade de afeições, transações, sintonias. Tanto faz! Nos enriquecem de alguma forma, com alguma história, com alguma memória, com algum consolo ou alegria .

Algumas, nos forçam a gostar e aprendemos com o tempo a ver o que pode haver de bom. Algumas, nem com muito esforço conseguimos, porque algo dentro de nós sempre dirá não. Algumas, só de olhar a gente sente, pressente e admira.

Algumas, assim, como você... Gostamos de graça! Sem nenhum problema e sem nenhuma pedida. Conversar de alma pra alma, é como achar uma parte que sempre esteve perdida. E que, agora, não está mais.

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