sábado, 7 de janeiro de 2012

Menos seis, mas um amor.



Não havia nenhuma razão, nunca houve, o que havia desde o começo era medo. Sempre houve. Enquanto você me conhecia, eu te afastava e enquanto eu te conhecia, você se atrasava. Procuramos motivos adversos pra nos perdermos, nos empenhamos em caminhos óbvios e tortuosos pra fugirmos, na incerteza de não saber se isso era exatamente o que queríamos, na certeza de que assim seria melhor e tudo entraria nos trilhos.

Nós fugimos tanto. Cada qual pra o seu lado, na tentativa de encontrarmos aquilo que não mais seríamos capazes de encontrar sem que os nossos caminhos se cruzassem de novo. Você correu e eu corri na mesma proporção, em direções completamente opostas e sem nenhuma explicação. Eu caí diversas vezes e colecionei diversas cicatrizes, desesperos e decepções. Você deslizou, mas manteve o equilíbrio pra não deixar o coração espatifar no chão.

Já faz tanto tempo e tudo continua aqui. Na verdade, nada tinha ido embora, nada tinha ficado pra trás. Eu sempre guardei comigo tudo aquilo de mais bonito que você foi capaz de me fazer sentir, mas isso eu nunca declarei e confessei, mas também não desisti. Eu não podia! Era tudo tão jovem, bruto, imaturo, igualzinho a uma tulipa que acabara de brotar e não sabia o por que, igualzinho a um girassol que, castigado pela seca, não sabia pra onde ir e permanecer.

Quase por um fio, e não era o do telefone, eu me pegava pensando vez ou outra no que eu estava fazendo e no motivo pelo qual eu estava mudando. Talvez, do outro lado você pensasse, no mesmo momento, a mesma coisa. Nunca saberíamos e nem nunca saberemos, por vezes nos perdemos numa ou noutra, com outras histórias e pessoas que, de um jeito ou de outro, nos trouxeram de volta pra onde não deveríamos, ou não queríamos, ter saído nunca.

Hoje sou girassol completo, bonito, maduro e cheio de cor. Hoje você é tulipa delicada, esperta, voraz e cheia de amor. Hoje nós somos exatamente o que sempre fomos e queríamos ser. O medo já não assombra e nem mesmo a mudança brusca das estações nos fazem perder o charme e o desejo, passando-se invernos, primaveras, outonos e verões. A vida tem sido tão florida, tão bonita e tão gostosa de viver. A vida ganhou um sentido bem mais íntimo, cheia de pétalas espalhadas, enfeitando o nosso caminho, desde que você retornou.

E o que importa é o agora, o daqui pra frente e o lá adiante. Eu e você, todos os planos, a nossa casa na cidade, na praia e no campo. Os corações juntos, as mãos dadas, os abraços apertados, os olhares apaixonados, as declarações matinais e os segredos noturnos. A entrega de todos os dias, a certeza das escolhas todas e tudo aquilo que já construímos com muito esforço, por vezes distante, mas que se inunda de amor, sinceridade e alegria.

Vem aqui, deixa eu te contar uma coisa que eu aprendi nesses anos todos que fugimos: "do nosso verdadeiro destino, nós só mudamos o trajeto do caminho, mas nunca a direção". Te dedico eu te amo sete vezes, porque por mais que um gato possa ter a sorte de ter sete vidas, eu é quem me sinto sortuda por ter um amor..