domingo, 30 de janeiro de 2011

Roda gigante.


Quando a vida fica nesse sobe e desce, girando sempre em volta de uma mesma coisa e em um mesmo lugar, eu enjoo. É tipo roda gigante que nos dois primeiros minutos é interessante e depois vai perdendo a graça e você não vê a hora dela parar. Ao contrário da vida que nunca para e que me obriga, sempre, a encontrar uma válvula de escape pra que eu suporte o mínimo do insuportável que me cerca e que nem sempre eu sei lidar.

Ultimamente tenho me sentido assim: com os pés fora do tocável, como se eu vivesse eternamente nessa roda gigante que nunca para. Me dá uma vertigem gigantesca quando olho pra baixo e vejo que tudo o que eu quero está inalcançável e quando olho pra cima não vejo nada do que eu poderia alcançar, dando certo algum dia. É engraçado quando uma coisa tem tudo pra dar certo e a gente faz questão de não querer, ou até querer e fazer errado. É infeliz quando uma coisa tem tudo pra dar errado e a gente faz questão de querer mais ainda e até fazer tudo certo mesmo que não acabe com um final sem fim.

Nada do que esteja muito alto eu faço questão de alcançar. Gosto do que está ao alcance das minhas mãos, assim, de graça, sem pressa e sem nada pra cobrar. Gosto do que olha no olho. Gosto do que eu posso segurar e do que me segura. Não gosto de nada que foge daquilo que eu espero, e quando foge... Quem foge primeiro disso tudo sou eu por não querer arriscar, em ares incertos, um solo totalmente certo que demorei pra encontrar.

Quando a vida fica nesse sobe e desce, rodopiando com todas essas pessoas, coisas, sentimentos e lembranças... Me dá vontade de. Deixa pra lá. Ninguém tem culpa disso. Eu tenho medo de altura, isso é verdade. Mas sei que sou à altura da vida, ou até um pouco mais. Porque é o que eu quero e acredito, mesmo que não faça sentido, mesmo que ninguém leve a sério. Tanto faz! Eu levo.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Infinito e amor.

Eu era o infinito. Você era o amor. Eu me desarmava diante disso. Você se perdia quando encontrava meu instinto avassalador. Eu precisava ser infinitamente infinito pra você me notar. Você precisava ser amavelmente amor pra me fazer paralisar. Eu quis ser tão infinito que, nele, fiquei. Você quis ser toda amor que, pra lá, se foi. Eu era o infinito. Você era o amor.

Eu era tudo em tom menor, arranhado, esgotado, desbotado e só. Você era tudo em tom maior, melhor, mais limpo e sem nós. Eu fui o infinito. Você foi o amor. A dupla perfeita, a combinação que saíra ilesa de toda e qualquer dor. Fortalecidos pelo tempo. Relembrados pelo momento de se rir junto, de cortar os laços, de ter coragem de enfrentar o vento que levantava todos os pós. Que sorte a nossa andarmos juntos, sem precisar escolher entre nós ou o mundo que cortava os planos sem dó.

Eu era o infinito. Você era o amor. Nós éramos o nada que se transformava em tudo, diante dos olhos que nos viam, juntos, separados, colados, remendados, perambulando pela vida. Nós éramos o orgulho. Nós éramos o ciúmes. Nós éramos a reconciliação. Nós éramos a tarde que caía. Nós éramos o companheirismo. Nós éramos as brigas. Nós éramos os becos sem saídas. Nós éramos a constante alegria dos dias e da vida.

Eu era tão desajeitada, tropeçava nas palavras, não sabia decifrar o que cada palavra sua, em forma de sorriso, me falava. Você era tão animada, sentava pra me ouvir tentar falar e sorria como quem tinha certeza que não entenderia, mas ainda assim se orgulhava da minha tentativa falha em demonstrar.  Eu ainda sou o infinito. Você ainda é o amor. Que mudou de tom, de voz, de cor. Mas ainda somos o que sempre fomos, na essência do ontem que se transforma em hoje e se resulta no amanhã tão incerto quanto o nós que se divide em dois.

Eu era o infinito. Você era o amor. Eu fui esse tempo todo o infinito de amor que você nunca deixou pra depois. Você foi esse tempo todo o amor infinito que tempo algum superou, pois... É.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Tão perto, tão longe.


Tão perto. Tão longe. E essa saudade que consome! Não penso direito no que, no por que, no como. Mas sei de quem. É de você. São tantos, e ao mesmo tempo poucos, quilômetros me separando de você que eu nem encontro palavras pra tentar esconder o que já não se esconde, o que eu procuro todos os dias na esperança de que você se renda, se encante e me encontre.

Tão perto. Tão longe. E essa angustia aos montes! Quase os mesmos olhos, os mesmos toques, os mesmos pensamentos e tantas discordâncias. São inúmeras diferenças que nos aproximam, mas são através delas que concordamos numa coisa ou outra. Sua resistência em me dizer, em tentar demonstrar, utilizando meios como esse pra me ludibriar. Minha fragilidade se mostra pra você como ferida exposta, que incomoda e te faz dar voltas e voltar sem entender por que.

Tão perto. Tão longe. E esse sentimento que se expande! Não controlo a intensidade do que sinto, escrevo e penso. Mas controlo a vontade que sinto de ficar perto de você a todo o momento. Tomo tento necessário pra não invadir o seu espaço. Eu sei. Você sabe. Assim evitamos maiores sofrimentos. Compartilhamos alguns momentos, in-oportunos, desatentos. Alguns passeios in-esperados. Entrego o que eu acredito nas mãos do acaso que, às vezes, nada por acaso junte você comigo, eu contigo, formando um laço.

Tão perto. Tão longe. E esse emaranhado de coisas que dão fome! Devoro tudo o que convém, vomito em palavras tudo aquilo que o meu estômago não digere, que causa desconforto, que alivia a voz e desata os nós da garganta. Que espanta. Que encanta. Que canta qualquer coisa que me faça sonhar com o dia em que você vai se declarar. Vai se enfrentar. Vai me olhar. Vai me levar junto com você pra onde quer que você decida ir e ficar.

Tão perto. Tão longe. E essa vontade que nunca some...
De poder ficar mais perto. De não te ter, assim, tão longe.

sábado, 22 de janeiro de 2011

O que eu escrevo.


O que eu escrevo são histórias que eu conto, que me contam, que eu sinto e que eu invento, que eu desvendo. São os inteiros das metades que me compõem e que insistem em permanecer, sobressair e invadir e render todo e qualquer pensamento. Escuto cada coisa que me contam, e que me conto também,  na mesma facilidade em que crio, sinto, minto só pra me proteger.

O que eu escrevo são histórias diversas, de momentos inversos, reversos, impostos, dispostos, incógnitos. É tudo o que eu não vejo, o que eu não toco, o que eu não percebo, mas eu sinto. Dizem que sentir também é uma forma de saber. E por que sentir não poderia ser, também, uma forma de saber quem é você? Já me fiz essa pergunta milhares de vezes e já me dispus a contar histórias sobre nós que nem mesmo ainda existiram, mas que eu faria qualquer coisa pra acontecerem. São os nós de nós que eu nunca desatei, que nunca soube como, por não saber se realmente existem, por não saber se são só meus ou se por algum momento também são - ou foram - seus.

O que eu escrevo é o que protejo em forma de palavras - todo o sentimento que eu sinto por você - e que nunca sei como demonstrar, que nunca saberei como dizer. Não há qualquer bebida que eu beba que me faça perder a timidez que eu sinto quando eu olho pra você. As palavras podem até se soltar com mais facilidade, enquanto falo, me embolo, ameaço e quase caio. Tropeço no que eu sinto quando falo, ou tento, por não saber até que ponto você acredita na veracidade do que eu escrevo, do que eu tento, do que eu sinto tanto medo quando se trata de você.

O que eu escrevo é exatamente o que eu sou, perto ou longe de você. São essas palavras, todas, jogadas ao vento na esperança de alcançar o seu coração pra te fazer entender que apesar de todos esses anos que eu te espero, talvez em vão, não me farão deixar de sentir o que eu sempre senti, desde a primeira vez que eu te vi... Olhando pra mim tão encantadamente e eu olhando pra você tão apaixonadamente, sem nos preocuparmos com o que ainda poderia vir, com o que poderia acontecer.

O que eu escrevo é você inteira, em mim.
Em cada parte do meu corpo, da minha alma, do meu coração...
O que me faz feliz.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O fogo.


A gente sabe que o fogo queima e sempre pensamos no por que de não deixá-lo queimar. Mas deixamos. Não nos esforçamos pra apagá-lo. Ficamos nostálgicos com as chamas tão atraentes que mal somos capazes de ver o quanto as coisas se perdem ao se queimarem. O fogo é destruidor de provas, mas nunca desbota aquilo que um campo fez, um dia, florescer tão livremente, dependendo só do que a gente sente pra fazer crescer.

O fogo chama, além de ser a própria chama de qualquer pessoa que não se limita mas que sempre se assanha diante do perigo que a inflama. Queima o dedo, a pele, os cabelos, a boca e o que mais tiver ao seu alcance. Não se limita em somente queimar, mas também deforma histórias, lembranças, personalidades e o que mais tentar estar adiante. Não reage, mas age da maneira mais inesperada. Dá vontade de sair correndo, pular pela janela, pedir socorro na sacada. O fogo arde, ao mesmo tempo que congela, te queima, te deforma, te esfria e te larga. Te deixa marcado dos pés à cabeça. Cada cicatriz é uma marca, lacrada, lembrada de alguma forma, em algum momento da sua jornada.

A gente sabe que é perigoso. Mas mesmo assim se deixa queimar. Se sucumbe ao que ele quer. Com vodca, nicotina, pinga e o que mais te oferecerem. A gente sente correndo pelas nossas veias, em todo o corpo e não consegue parar. Dá vontade de tirar a roupa, de sair pelado, de trocar calor ou até mesmo tomar um banho gelado. Nunca sabemos pra onde cada fogo vai nos levar ou nos deixar, mas sabemos que é bom por mais marcados que já sejamos por ele, por mais insaciável que ainda será. Queremos mais.

O fogo a chama nas entranhas, na cama. Daquele ou daquela que ama tão arduamente a ponto de se queimar por completo. Sem medir esforços, evapora nos poros, germina os solos. Fogo é a dureza de atravessar todos os dias com uma queimação gostosa que não se acaba, é o gás da vida, apesar de dolorida, tão alegre e distinta. É o que diferencia todas as pessoas. O que intensifica relacionamentos, memórias e rotinas. O fogo queima. Queima tudo que se encontra pelo caminho. Devasta corações, corpos juntos, separados, sozinhos. Não há perdão. Não há caminho alternativo. Ele te alcança. Te lança. Te acerta. Te encanta. O fogo queima. Você. Eu. Nós. Inteiros. Apenas com uma chama.

O fogo queima qualquer coisa que encontra. As chamas não dão trégua. Alguns deixam o fogo queimar e aceitam que ele queima. Outros tantos correm pra longe, até ficarem cansados e se renderem à tudo aquilo que amedrontam e que, talvez, engana.

É verdade! O fogo queima e as cinzas que ficam se tornam lembranças de sentimentos que não se apagam. De você, que não me roubam nunca. De mim, que ainda, e sempre, te ama, em meio às chamas por todos os lados.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Apesar dos (A)pesares.


É o que acontece. Difícil organizar o pensamento quando o coração entra em conflito a todo momento. Sensações de perda, abandono, sofrimento, apego, desapego, envolvimento, ilusão, impotência, engano, imensidão. São essas, todas, que me invadem por dentro, me deixando com medo e à mercê do desatento.

Ser humano é coisa complicada! Exigimos tantas coisas dos outros quando, ao mesmo tempo, somos incapazes de exigir coisas de nós mesmos. Digo exigir porque somos exigentes, o tempo todo, e deixamos quem mais nos importa pra outro dia, sempre pra depois: o nosso próprio eu, perdido em becos, largado aos montes pelas ruas, perdidos no breu.

É o que acontece. Vamos colecionando todo tipo de coisa que nos são possíveis: histórias, lembranças, dores, momentos, infância, amores, discordâncias e todas as concordâncias. Vamos assim, nesse ritmo, como se fôssemos todos carros-cofres, guardando as coisas mais preciosas que temos sem nem mesmo saber se são tão preciosas como gostaríamos que fossem e que fôssemos pra elas também.

Ser humano é uma caixinha de surpresas! Nos surpreendemos diariamente com quem aparece, com que nos deixa, com quem apela, com quem deseja. Digo surpreender porque somos surpreendidos, tanto quanto surpreendentes, insistentes, envolventes e ao mesmo tempo deprimentes. Somos capazes de despertar o melhor e o pior em alguém, como por alguém. Sem pensar em nada. Sem pesar ninguém.

É o que acontece. Acumulamos tudo aquilo que não somos capazes de jogar fora. Talvez por medo. Talvez por apego. Talvez por falta de oportunidade quando o seu melhor amigo fica sendo o contratempo. O coração aperta. Nos desfazemos. Dificilmente nos refazemos. Mas acreditamos, sempre, no fato de conseguir aparar as arestas que são obtidas ao longo do tempo. Bobagem. Só assim que crescemos, mesmo em meio à tanto caos e desordem no que pensamos e escrevemos.

Ser humano é particular! Somos tão peculiares. Nos gestos, nos jeitos, nos olhos, nos beijos, no dialogar, no movimento, na dança, no abraçar, na vida, na trama - com ou sem drama -, no amar, no rejeitar, no desespero. Na hora de falar mais alto, quem ganha não é o grito, mas sim o sussurro de quem, delicadamente, sopra no teu ouvido que: "Apesar de todas as nossas diferenças, distâncias, separações, perdas, dores, sonhos, ambições, pessoas, sentimentos, obstáculos, desordens, contratempos, inseguranças, medos e receios... Quero estar contigo e comigo também. Sem metades. Sempre inteiros."

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

365 motivos.


Tive 365 motivos pra esquecer o ano que se encerrou. Ainda não os esqueci, mas pouco a pouco vou me desprendendo de tudo aquilo que, definitivamente, ficou e, com ele, acabou. Os amores mal resolvidos, as promessas falidas,  os amigos distorcidos, os conhecidos que se colidiram, os sentimentos distintos, os planos que saíram da estrada.

Tive 365 motivos pra crescer. E eu cresci. Não tanto quanto eu deveria crescer, mas consegui na medida em que me cabia, da maneira que fui entendendo as coisas que me aconteciam e que ainda iriam acontecer. Não obtive um terço das respostas que eu gostaria, mas me enchi de questões interiores que eu precisava, uma hora ou outra, resolver.

Eu sofri. Eu chorei. Eu vivi. Eu conheci. Eu gostei. Eu admirei. Eu me decepcionei. Eu aprendi. Eu me superei. Eu me encontrei. Eu me perdi. Eu desejei. Eu sonhei. Eu realizei. Eu construí. Eu planejei. Eu caí. Eu levantei. Eu sorri. Eu quis. Eu me apeguei. Eu me desapeguei. Eu me apaixonei. Eu liguei. Eu não atendi. Eu procurei. Eu escrevi. Eu cantei. Eu conversei. Eu pensei. Eu decidi. Eu neguei. Eu aceitei. Eu morri. Eu voltei a viver. Eu tudo o que eu pude, todos os dias, com ou sem motivos.

Expectativas ficaram pra trás, junto com os sonhos impossíveis. Entender que ser mais pé no chão, alivia os sofrimentos que causamos desnecessariamente pro nosso coração. Mais uma ano começou, com 365 motivos novos, antigos, distintos. Pouco importa! O que importa são novamente os 365 motivos que temos pra acreditar que esse ano pode ser melhor, maior, mais feliz e cheio de novas esperanças, conquistas, pessoas e alegrias. São 365 motivos de possibilidades, de vontades, de responsabilidades com menos covardias.

São 365 motivos pra ter você, felicidade, caminhando lado-a-lado.
Pro resto da minha vida em todos os 365 dias que eu puder ter daqui por diante.