terça-feira, 24 de novembro de 2009

Chuva.

Uma tempestade ocorre dentro de mim, tanto quanto ocorre do lado de fora. Olho pela janela e vejo a chuva caindo, caindo, caindo, caindo sem parar em forma de gotículas, lágrimas, enfim, do que quiserem chamar. Aqui dentro também chove, em forma de sentimento, de saudade, de compaixão, de esperança, de coração. Chove o tempo todo, mesmo quando eu determino que fará sol dentro de mim, mas chove... sempre, e cada vez mais, chove.

Quando chove do lado de fora é possível ver com os próprios olhos o estrago que se faz: alaga-se casas, ruas. Pessoas morrem, se ferem, caem postes. Acaba-se a luz, moradias, vidas. Mas e quando chove do lado de dentro? É! E quando chove dentro da gente mesmo e que não dá, definitivamente, pra se notar o estrago que se é feito? Pois sim, alaga-se o coração, afoga-se a alma, o pensamento perde a respiração e não há ninguém pra salvar nada disso, não há ninguém que enxergue dentro de nós a ponto de nos salvar a não ser nós mesmos.

Concluo que por mais que chova dentro ou fora de nossas vidas, só nós mesmo somos considerados os "salva vidas de nós mesmos." E é sempre tão difícil se salvar que a maioria das pessoas morrem, preferindo salvar os outros como forma de heroísmo, como forma de mérito, como forma de depositar em outra vida a capacidade de salvá-la, já que se sente totalmente incapacitado de salvar a sua própria pele.

Acontece que, por mais que muitas pessoas morram afogadas lá fora, muitas outras pessoas - a maioria - morrem afogadas do lado de dentro e ninguém, ninguém pode salvar nenhuma delas. E enquanto isso a chuva continua caindo... Dentro, fora, fora, dentro, dentro e fora, fora e dentro e as gotículas só aumentam.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Algo muito grande.


Como é que a gente sabe quando algo muito grande acaba? A questão é que, na verdade, a gente sempre sabe. Por mais que o coração não consiga ver tudo, além de sentir, ele pressente cada coisinha que o cerca embora muitas vezes ele tampe os olhos pra nunca vê-las inteiramente. Percebi que quando amamos algo ou alguém incondicionalmente, somos capazes de fechar os olhos pra muitas coisas que, talvez, não deveríamos. Me refiro a verdades que o coração esconde por medo de abrir mão daquilo que ele ainda acha que pode dar certo, pode ser resgatado, pode ser diferente.

Mas... E quando isso não depende somente do seu coração? E quando entra um outro coração em questão - aquele todo revoltado, que anda por si só e toma suas próprias decisões -? O que é que a gente faz quando o outro coração resolve passar por cima do nosso coração "sem bocas" de cogitar possíveis arrependimentos por vontades ultrapassadas e incontroláveis que o mesmo sente? E quando sentimos que não cabe a nós decidirmos se esse mesmo coração - e o nosso também - pode se quebrar ou não?

Ontem, li algo que me fez pensar e repensar em muitas coisas. É o seguinte: " Incerto são nossos amores, e por isso é tão importante sentir-se bem mesmo estando só!". Depois disso, parei pra pensar no quanto achamos sofrido abrir mão de algo que não queremos, por mais que saibamos que seja necessário, e o quanto nos privamos de coisas muito melhores que poderiam vir por conta de tudo isso. Hoje, sei que quando algo muito grande acaba é pelo simples fato de ter a necessidade de acabar. Nada termina demasiadamente antes se já não estiver acabado ou se acabando. Aprendi da pior maneira que se existe que se não achamos nenhum tipo de solução pro que nos aflige, é porque solucionada, essa mesma coisa, está e é preciso ter força, coragem e fé pra seguir em frente e entender que a vida vai muito mais além de tudo isso.

Algo muito grande pode acabar hoje, para muitas pessoas, em muitos lugares e a qualquer hora. Mas expandir o coração é uma forma de entender que tudo acaba por, uma hora, ter que acabar e se sentir capaz de crescer com isso também é uma forma de se permitir.

Ser capaz de acreditar que nunca é tarde para o amor, é uma forma de driblar a dor... Então, acredite: - Nunca é tarde! Nunca é... Nunca.

sábado, 24 de outubro de 2009

Ausência.

 " Ausência; S.f: Afastamento, falta de presença: constatar, notar uma ausência. Fig: Inexistência, carência: ausência de qualquer critério. Distração, perda de memória: ter ausências. "
Ausência de cor, ausência de corpo, ausência de palavras. Ausência de mãos, ausência de amor, ausência de risadas. Ausência de pessoas, ausência de lembranças, ausência de estradas. Ausência de sentir, ausência de matriz, ausência de lucidez. Ausência de saudade, ausência de decisão, ausência de coração. Ausência de cigarros, ausência de encontros, ausência de destino. Ausência de estupidez, ausência de loucura, ausência de sensatez. Ausência de carinho, ausência de amigo, ausência de companherismo. Ausência de porto seguro, ausência de reciprocidade, ausência de perigo. Ausência, ou ausente, até mesmo da própria existência.

Se ausência tem esses e todos os outros significados, seria ousado demais, então dizer que ausência seria quando nos ausentamos de nós mesmos? Ou mais: quando tentamos fugir de algo que não é tão ausente?

Ausências, perdas, afastamentos, carências, critérios ou distrações...
São possibilidades além de você, de mim, de nós. Além de.

" Me torno ausente quando destino todo o meu tempo pensando em você. Mas me torno ausência sempre que destino esse tempo pro mesmo. "

domingo, 18 de outubro de 2009

Metade.


Não gosto de metades. Não acredito que seja possível ser feliz com a metade de alguma coisa que nunca acharemos a outra metade perdida, escondida. Não existe a possibilidade de ter sentimentos, pensamentos, desejos, solidão, vontades, decisões ou escolhas pela metade... Ou é, ou não é!

Vivo na intensidade daquilo que acredito, não acho um meio termo entre o oito ou o oitenta. Ou é um, ou outro, mas nunca o meio, a metade, a raspa da coisa toda. Vivo aquilo que eu sinto, por inteiro, sem rodeios, agradando, ou não, a quem se interesse.

Escolher ser a metade de algo ou alguém, é anular a sua outra metade. Logo, não seremos inteiros e nunca seremos capazes de sentir tal sensação se continuarmos com a ideia de nos acostumarmos com as metades que nos são dadas. Que merda! Não quero essa porra de metade, ou encontro alguém que me dê algo por inteiro, ou farei o meu inteiro por si só.

Por si só... Ah!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Houve tempo.


Houve tempo pra dizer o que sentia, assim como houve tempo também pra ouvir. Houve tempo pra olhar nos olhos, assim como houve tempo também pra enxergá-los. Houve tempo pra tocar o que quisesse, assim como houve tempo também pra ser tocado. Houve tempo de roubar um coração, assim como houve tempo também pra deixar que o seu fosse roubado. Houve tempo pra dar um abraço, assim como houve tempo também pra abraçar quem fosse. Houve tempo pra namorar, assim como houve tempo também pra ser namorado. Houve tempo pra fazer planos, assim como houve tempo também pra começar realizá-los. Houve tempo pra errar, assim como houve tempo também pra consertar. Houve tempo pra mudar todo o enredo da história, assim como houve tempo também pra se enredar. Houve tempo pra alguém se apaixonar, assim como houve tempo também pra se apaixonar por alguém.

Houve tanto tempo, pra tantas coisas e pessoas. Mas hoje? Hoje eu queria que houvesse mais algum tempo, mas... não há.

domingo, 4 de outubro de 2009

Segurança.


Às vezes eu paro pra pensar no quão engraçada a vida é! Digo isso pelo simples fato de observar tudo e todos, mesmo que de longe, e de acordo com todos os depoimentos semanais que ouço e leio dia-a-dia, vou vendo o quanto todas as pessoas são demasiadamente carentes.
Isso mesmo, carentes! Seja de emoções, de saudades, de sentimentos, de amor-próprio, de amigos, de família, de namorado (a), de animais, de flores, de sorrisos, de mãos, de peles e cheiros, de sabores, de essências, de passado, de presente e futuro. Mas são carentes, principalmente de segurança.

É! a palavra de hoje é segurança. Afinal de contas, todos nós precisamos nos sentir seguros de algo ou até mesmo alguém. Mas e quando essa segurança depende muito mais da nossa própria insegurança? Sim, insegurança de sentir, insegurança de viver, insegurança de falar, insegurança de tocar. Até onde culpamos uma outra pessoa por não nos manter segura, pra não nos culparmos o tempo todo por sermos totalmente inseguros?

Enquanto pensarmos que pra nos sentirmos seguros temos que depender de outra pessoa, jamais teremos liberdade de espírito pra enfrentar nossos desejos, erros e acertos. Pois não adianta depositarmos todas as nossas expectativas na responsabilidade de outra pessoa, pra que nos sintamos mais felizes, porque isso depende unicamente de nós! Despertar segurança, a nossa especificamente, depende unicamente da nossa capacidade de saber que ninguém está aqui pra suprir aquilo que não temos, pra superar os limites que impomos, pra sentir aquilo que nós sentimos.

" Cada um pedala a sua bike, compartilhando a mesma ciclovia. "
Portanto, devemos canalizar ao máximo os nossos pensamentos, sentimentos e vontades e direcioná-los pra'quilo que mais nos satisfaz (não há mal em sermos egoístas nesse ponto, o maior mal que cometemos é quando não somos) pra que seja possível existir reciprocidade, seja da vida, do dia-a-dia ou de pessoas que amamos.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Coração casa.

" You change your life, by chasing your heart!. "
Até onde essa frase faz sentido pra nós? Até que ponto ela pode fazer parte de nossas vidas sem passar despercebidamente por sempre nos acostumarmos com coisas que não sabemos como abrir mão, como deixar pra trás, como mudar, de fato, o real sentido de nossas vidas. Então, seria possível mesmo mudar a nossa vida perseguindo nosso coração quando é praticamente doloroso perseguí-lo? Ainda mais, seria possível mesmo sem fazer doer tanto quanto sempre dói e parece que nunca se cicatriza?

Esquecer o que passou seria uma forma de recomeçar a vida ou esquecer tudo aquilo que fomos, somos e ainda seremos? É tão difícil conseguir expressar o que o coração sente nessas horas onde ele grita: " EI, por favor!! Precisamos mudar, precisamos mudar. " PRECISAR-MUDAR! Estão aí as palavras... precisar mudar é tão necessário quanto respirar. Mudar de rumo, mudar de história, mudar a cultura, mudar as músicas, mudar as roupas, mudar a alimentação, mudar o cabelo, mudar as meias, mudar o colchão e travesseiro, mudar as cores, mudar os dias, mudar de endereço, mudar de celular, mudar a rotina, mudar o pensamento, mudar o coração de lugar...

Ontem li um texto que dizia as seguintes palavras: " O amor é como uma casa, desejamos morar dentro dele, estar dentro dele, da mesma forma que desejamos morar e estar dentro de uma casa!. " Mas e quando essa casa é demolida sem motivos, ou está interdidata e cheia de avisos de demolições? Como é que nós mudamos de caminho, perseguindo nosso coração, sendo que não sabemos nem por onde devemos começar?

Caminho-mudar-o-coração-casa! Seria, então, a resposta:
Mudar o coração de casa?

Sei lá, Sei lá! Pequenas bobagens de um pensamento cotidiano.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Fossa.


Fossa! Ah, por que nos sujeitamos a tal prática? Seria um meio viável de entender as nossas dores, decepções e até mesmo fracassos ou seria, então, um meio inviável de fazer doer mais ainda aquilo que não consegue (ou não se quer) esquecer de uma hora pra outra?
Sentir esse tal desconforto seria uma forma de voltar sempre pro mesmo lugar, ou uma forma de retomar a vida mesmo com todos os pontos negativos que nós mesmos desenvolvemos sem nem mesmo pensar no motivo pelo qual fazemos isso?

Por mais que cheguemos a conclusões óbvias todas as vezes que sentimos essa tal fossa, qualquer decepção que tenhamos nos faz voltar sempre pra ela, como se fosse uma forma de tentar entender onde erramos, e se erramos mesmo... por que, de fato, erramos? Mas, e quando a fossa desenvolvida é de única e real responsabilidade de outra pessoa? Pois, sim! Ninguém escolher sentir fossa por achar legal, por achar viável, por achar interessante.

A fossa, na verdade, é como aqueles dias de tempestade que envolvem poeira, cheiro de terra molhada e vento forte: nos pega de surpresa, nos faz sentir coisas que não queremos e levamos um tapa na cara, muito gostoso!. Mas, se sentir a fossa é considerada uma maneira de CRESCER, por que, exatamente, temos que optar por esse caminho (sendo o mais difícil) quando podemos, sim, crescer de outras formas?

Na verdade mesmo, se a fossa fosse tão boa como tentam nos fazer entender e aceitar por aí. Todo mundo sentiria, e não somente uma ou duas vezes, mas sim por todos os dias.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Tão depressa.


Andamos sempre correndo, tão depressa que às vezes é tão difícil prestar atenção em tudo aquilo que acontece a nossa volta. Será que crescemos tão depressa que ficamos incapazes de ver a graça da vida por uma janela, ou por uma porta, ou até mesmo por uma passarela? Ou nos diminuímos quando somos capazes de ignorar tudo isso? É tão difícil chegar a alguma conclusão fundada quando somos capazes de pensar apenas em nossos próprios umbigos e passos, dos quais, sempre acabamos tropeçando. Seria, então, necessário tropeçar tantas e tantas vezes na vida pra conseguirmos nos reerguer, olhar a frente e retomar o passo pra conseguirmos olhar em nossa volta e perceber que a vida vai muito mais além do que essa pressa que nos consome?

Ah! Essa pressa. É tanta, tanta pressa de viver, tanta pressa de se apaixonar, tanta pressa de se conhecer, tanta pressa de se entender, tanta pressa de (se) encontrar, tanta pressa de brigar, tanta pressa de falar, tanta pressa de sentir, tanta pressa de comer, tanta pressa de andar, tanta pressa de amar, tanta pressa de olhar, tanta pressa de matar a sede. É tanta pressa pra tudo que até mesmo esquecemos o significado que a pressa tem, onde aquele velho ditado já dizia: " a pressa é inimiga da perfeição! ". Mas, na verdade mesmo, esse ditado fica tão pequeno diante de tanta pressa que ela própria se torna inimiga da vida.

Não respeitamos mais o nosso tempo, os nossos pensamentos, a nossas vontades ou talvez respeitamos tanto e queremos tanto tudo isso que achamos que a pressa é a nossa melhor amiga, que ela vai nos ajudar a matar essa sede de viver, tão depressa, tão intensamente, tão de repente...

Acontece que a pressa pra se viver é como um copo d'água: " Nem sempre consegue se matar a sede bebendo-a em um gole só. É preciso aprender saborear cada gotinha refrescante que nos é oferecida. "

Com tudo, mesmo com todas essas conclusões plausíveis que chego e tenho total consciência de que são puras verdades, eu ando com tanta, mas tanta, mas tanta pressa que não consigo sentar-me, olhar pela janela, ou porta, ou passarela e ver algo bom me cercando. Porque, infelizmente, os segundos do relógio são sagrados pra mim, e por mais que fosse necessário perder todos eles pra valorizar determinadas coisas, mesmo que pequenas pois seriam através delas que eu me tornaria grande, o "tic-tac" me atormenta todos-os-dias-dias-dias-e-dias.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Eu.




Eu poderia queimar todos os cigarros desse mundo em busca de respostas. Mas já diziam que o que move as nossas vidas são as perguntas, então de que valia teriam as respostas que procuro se preciso das perguntas, quando não se tem o que perguntar? Seria então um ciclo: "se não
obtiver perguntas, nunca obterá as respostas?". Isso pode soar incessantemente egoísta, mas é absurdamente intrigante, porque algumas respostas não precisam de perguntas e tampouco de coadjuvantes que possam auxiliar nessa jornada que nós não sabemos, de fato, aonde vamos terminar. TERMINAR, isso! Como dá medo somente esboçar nos lábios essa palavra. Terminar algo que pode ser interminável é uma forma de remediar o irremediável? Ou, então, uma forma de se enganar não se enganando? Milhões de perguntas se formam, e se elas movessem o mundo como todos dizem incansavelmente, alguém poderia, portanto, me responder por que o céu se chama céu? por que o leite se chama leite? por que o rosa se chama rosa?. Chego a conclusão de que por mais que as perguntas tenham uma importância significativa em nossas vidas, de qualquer forma, elas não movem a vida pelo simples fato de que algumas coisas não podem ser explicadas, apenas sentidas, vistas e apreciadas e o tempo que as mesmas duram podem ser pra sempre ou então pra nunca mais.
Só queria entender porque mesmo tragando a mais instigante nicotina e movida de pensamentos, eu insisto, eu invisto, eu persisto, eu existo, eu reinvindico, eu referencio, eu sinto, eu me nego, eu me prezo, eu me poupo, eu me prendo, eu me renego, eu me inverto, eu me procuro, eu me protejo, eu me projeto. Eu, eu, eu... Me reinvento, e invento e invento e inven... Deixa pra lá!.

terça-feira, 19 de maio de 2009

A identidade.


Qual a sua identidade? Qual a sua maior dificuldade? Qual o seu maior anseio? Qual é o seu maior desejo? Qual é a sua maior história? Qual é o seu melhor segredo? Qual é o seu pensamento? Qual é a sua sede de viver? Qual é a sua sombra e que cor ela tem?

Qual, que, como, onde, quando, quanto, por quê? Tudo em você, pra mim, é interrogação. Mas ao mesmo tempo acada sendo música, poema, sensação. Tudo em você, pra mim, é vago. Mas ao mesmo tempo é cheio, transborda, mal tenho espaço. Tudo em você, pra mim, é sombra. Mas ao mesmo tempo é luz, é vida, alegria. Tudo em você, pra mim, se reflete naquilo que mais busco, que menos encontro, que mais suponho e menos tenho. Tudo em você, pra mim, é o que me aflige, é o me atinge, é o que me tem. Tudo em você, pra mim, é o que eu não posso ter, não posso ver e tampouco reter. Tudo em você, pra mim, é incógnita e até mesmo discórdia entre todos os meus pensamentos...

Porque, tudo em você, pra mim é identidade e, de fato... Me atrai.

sábado, 16 de maio de 2009

Metade do inteiro.

"Saudades da metade do inteiro que não me completa mais."

A medida que o tempo passa, coisas vão nos incompletando. Jogamos fora as roupas velhas e fora de moda, os sapatos furados e sem sola, a maquiagem que perdeu o prazo de validade. Deixamos pra trás o corte de cabelo que não faz mais sucesso, as músicas que se tornaram bregas, mudamos a forma de falar e nos comportar, como se pudéssemos, assim, dar espaço pra outras coisas nos completarem.

Às vezes, com essas mudanças, coisas que não deveriam ficar pra trás, ficam e se fazem presente na lembrança de cada um de nós por nunca termos tido a vontade que as mesmas ficassem no passado, e na incapacidade de ter deixado-as fazerem parte dele...

É como se nós conseguíssemos sentir saudades da metade do inteiro que nos completava, mesmo.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Palavras.



Diante do meu maior desespero, me encontro aqui. Atolada em sentimentos, pensamentos e palavras, de forma que confundem ainda mais tudo aquilo que eu acredito, busco, intensifico. A medida de cada todo que eu sinto, vai se perdendo em meio daquilo que não posso - e nem devo - sentir. Na verdade, em algumas situações do cotidiano, a vida vai nos pregando peças a cada vez que monta um - grande ou não - espetáculo, fazendo de você o ator, o espectador ou até mesmo o próprio roteiro.

Talvez, não seja possível entender cada fala, cada cena, cada história ou até mesmo cada ator que cruze nosso espetáculo, vibrando ou não a platéia que o assista mas é muito provável que entendamos todo o enredo, todo o sentimento colocado ali...

Palavras? Ah, podemos dizer um milhão delas a cada dia.
Mas, será que sentimos, de fato, o que todas elas nos dizem?

" Não basta apenas ler um embaranhado de palavras, a coisa mais importante é sentir a intensidade de cada uma delas. "

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Cigarros e pensares.


Cada cigarro tragado, é um pensamento que nasce, desajeitado, moldado, intensificado. Cada trago é um embalo, um envolvimento, um charme, uma sensação. Cada fumaça emitida são frustações, medos, são devaneios que me invadem, que me cercam, que me atraem. O que fazer quando proibições e ideais se enfrentam? Como acontece? Por que acontece?

Ah, é como se a cada cigarro, um sentimento nascesse, um valor aparecesse. Mas a cada cigarro acabado, cada trago desejado e saciado, cada fumaça que se esvai... Sabemos que todos esses sentimentos, sensações e pensamentos devem seguir o mesmo percursso. Por ser, assim, algo que não se pertence, não se tem e nem se mantém...

Porém, apenas se sente a sensação de ter por alguns minutos - de alguma forma - e nada mais.

As mãos.



As mãos que tocam; as mãos que afogam; as mãos que ferem; as mãos que afagam; as mãos que escrevem; as mãos que descrevem. As mãos que falam; as mãos que exalam; as mãos que irradiam; as mãos que apontam; as mãos que criticam; as mãos que entendem. As mãos que sentem; as mãos que descendem; as mãos que criam; as mãos que multiplicam; as mãos que subtraem; as mãos que dividem; as mãos que somam. As mãos que protegem; as mãos que atiram; as mãos que não percebem... a mão que é minha, sua, nossa.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Os olhos.


Estou-me indo, esvaindo, sumindo, caindo. Mas pra onde? Quando? Quanto? Do que me escondo? O que se esconde? Vou ou não vou? Vou sem saber? Vou sem por quê?

Só sei que apenas vou, sem rua certa, sem portas abertas, sem pessoas na janela, sem o sol pra brilhar. Apenas vou, sem rumo, sem tudo, sem muito, sem nada.

Vou pra onde der, pra onde puder e quem quiser que me alcance, que me lance, que me acompanhe. E quem me achar um pouco interessante, que me entenda como, propriamente, quiser.

Só sei que apenas vou, reto, sem olhar pra trás. Porque os olhos são os maiores responsáveis por aquilo que, de fato, tentamos deixar pra trás e não conseguimos.

domingo, 10 de maio de 2009

Folha de papel.



As linhas em branco e o lápis, com o tempo, vão traçando aquilo que mais achamos complexo em nossas vidas: o destino. A cada dia, sua vida é escrita de uma forma, preenchendo todo aquele espaço em branco de uma folha de papel, te oferecendo uma história, uma memória - boa ou não - pra contar. A vida é como um livro, ou até mesmo um caderno ou uma simples folha de papel:

Existirá sempre, mas cabe a você fazer com que a história seja boa, interessante e satisfatória.
Embora alguns campos da minha vida - o amor, a saudade, a conquista - estejam vazios, vadios e tardios, ainda acredito que consiga preenchê-los, de alguma forma...

Mas, por enquanto a minha vida ainda é uma simples folha de papel.

Vale ou não vale?


Às vezes nós temos a terrível limitação de palavras, gestos, atitudes. É como se as situações que a vida colocasse em nossa frente, de inúmeras formas, fossem os principais motivos pra que as mesmas limitações fizessem parte da nossa vida, do nosso cotidiano, da nossa rotina. Um milhão de palavras poderiam dizer muito mais do que um gesto? Ou mil gestos diriam mais que uma palavra? Até no universo mais paralelo e surreal, as dúvidas imperam diante de qualquer situação existente na vida de qualquer ser humano...

É como se, às vezes, um gesto valesse muito mais que mil palavras. Assim como uma palavra poderia valer muito mais que mil gesto.
Ou, ainda ouso dizer mais:

Quando nem mil e nem um valem nada, e pra ninguém.