domingo, 31 de outubro de 2010

Sorriso no rosto.


Sorriso no rosto. Era o que diziam pra aliviar qualquer coisa nessa vida. "Sorria, e a vida te sorrirá de volta". Mentira! Ou você se empenha e a força, ou os seus dentes não serão capazes de fazer isso acontecer, nada te consola. Confesso: cabeça pesada, corpo dolorido, coração doente e a alma cheia de saudade.  Tempos difíceis, maré de azar, nada te satisfaz, tudo desbota. Simpatia não dá jeito, porque nada esconde os defeitos, os desatentos, os receios e a vontade.

Com ou sem sorriso, a gente segue os instintos, os caminhos, os destinos, sem saber pra onde, sem saber quando, sem saber como, sem saber por que. Simplesmente vamos. A correnteza do rio é bem mais forte do que a de um riacho. Você vai, vai, vai, vai e vai porque tem que ir, porque é preciso. Não dá pra lutar contra. É mais forte. Invade. Transborda. Inunda. Reage. A vida cobrava uma postura. Mas qual? Não sabia o que era certo, mas não havia no mundo nada igual.

Olhos inchados. Mãos enrugadas. Horas e horas embaixo do chuveiro tentando esquecer o desespero, procurando praticar o desapego, evitando encarar o medo que a olhava fixamente pelo espelho embaçado. Cabelos brancos surgem. Urgências. A tinta jamais tamparia as raízes que os fizeram aparecer. Muitas cicatrizes deixadas, que nem mesmo com tatuagem elas não se mostrariam face à face. Aparência desleixada: camiseta, bermuda, chinelo. Nada de maquiagem ou óculos escuros! De cara limpa, tentava encarar todos os aspectos e respostas da vida, tão desprotegida, sem nenhuma arma ou armadura que a fizesse encará-la de uma maneira menos dura.

Sorriso no rosto não cura ressaca. Mas cura solidão! Pode encher o peito de alegria, algumas vezes sim e outras vezes não. A força de um sorriso depende de quem sorri, de quem quer ser feliz sozinho ou no meio da multidão. Era o que diziam quando não tinham mais o que dizer. As palavras se tornavam escassas quando ficavam a frente de um coração encharcado de decepção. Achava perigoso demais brincar com quem olha a vida de um ângulo sem direção.

Não importam as formas, sorrir também é reforma... e cura as feridas, que nós mesmos nos causamos e as que causam a vida, na rotina do cansaço, no apelo de alegria.

Cadê o meu?
Que coisa mais exaustiva.

Um comentário:

  1. Que lindo, amei! Um texto mais lindo que o outro, não dá vontade de parar de ler! Parabéns.

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