domingo, 14 de novembro de 2010

Quando.


Quando você ainda estava aqui, a felicidade era constante, os sorrisos radiantes e eu não conseguia disfarçar o quanto tudo transbordava dentro de mim. As mãos que suavam, as palavras que gaguejavam, os olhares que se encontravam, os corações que se permitiam. Acordar cedo aos finais de semana eram dádivas por saber que te encontraria naquela mesma praça, naquele mesmo banco e até mesmo naquela mesma esquina de expectativas onde o ônibus parava e eu ficava, ansiosamente, te esperando.

Eram bons tempos, bons sentimentos que nunca havia sentido antes e que sei que não sentirei novamente. Ficou com você tudo aquilo que eu sinto permanentemente: o desejo, a saudade, a vontade e os momentos. Eu não podia mais resistir, eu não conseguia por mais que eu soubesse que, agora, talvez seria a hora de resistir e descruzar os nossos caminhos. Eu não podia e eu não queria fazer a minha vida longe de você que eu tanto estimava, estimo e quero por perto, de alguma forma, todos os dias. A minha única certeza, você, que me acompanha, me lança pra onde bem quer e como bem entender.

Quando você foi embora, eu entendi e não insisti pra que você ficasse. Eu poderia ter o feito, mas soube que você precisava partir, ir, fugir não sei pra onde e me deixar com todas as incertezas do mundo, sem saber se você voltaria pra mim. Quando você se foi, minha máscara caiu, meus sorrisos sumiram, minha felicidade deu a impressão de que nunca existiu. Eu sequei e amarguei. Nada fazia muito sentido, eu não sabia mais como. Também não fazia questão de saber, porque nada do que eu vivia, e do que vivo, tem você. Então, que diferença faz saber?

Eram maus tempos, ressentimentos que não me -e não te- abandonavam. O peso do erro, a fúria da culpa, o incomodo do arrependimento. Tudo me testava, tudo me colocava frente a frente aquilo que eu nunca soube lidar, que eu deixei passar e não consegui acompanhar, nem mesmo consertar. Eu não podia mais continuar aqui, eu não sabia mais como seguir sem você comigo, meu destino, meu instinto. Você era, e ainda é, o meu sentimento mais bonito, mesmo que tudo isso, agora, só me faça sentido.

Quando você foi embora, a única certeza que eu tive e que me acompanha até hoje é a de que você realmente foi embora, com tudo aquilo que eu também queria ir. Você foi, e eu fiquei aqui com a certeza de que, pra você, era, é e continua sendo o fim da nossa história, sem volta.

Um comentário:

  1. Seus textos começaram a me vestir, em partes ou num' todo...
    E cada cicatriz carichosamente colocada em nós, serve de exemplo ou comodismo, depende de nós, a compreensão delas...
    amor'

    ResponderExcluir