sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Das cinzas às letras.


Das cinzas do amor às letras da vida. Quem disse que o amor não é extremo algumas vezes, nunca experimentou a fundo essa alegria. É estranho! Quando sentimos amor - mas aquele amor bonito mesmo -, a gente se queima inteirinho por dentro e ao mesmo tempo esfria. Sente medo de perder em um segundo, mas no segundo seguinte se esquece disso e segue de acordo com a melodia que o outro trilha. Amor é furacão na maior parte do tempo: chega junto com a paixão, devasta e fere mas depois de um tempo passa, acalma e se torna alicerce.

Das cinzas daquilo que vivi e perdi às letras do que eu escrevo e me muero a cada dia que eu lembro o quanto o amor já me queimou um dia. É, durante anos, anos e anos me queimava todos os dias, e era bom. Tão bom que a pele ficava mais bonita, amorenada. O rosto demonstrava uma alegria durante alguns meses que qualquer pessoa, ao ver, se incendiava. Dava gosto de amar, queimar e depois se apagar só pra repetir o mesmo ato novamente no minuto seguinte. Nem o Sol era capaz de repercutir internamente aquela queimação gostosa na boca do estômago, seguida de enjoo e conforto por ter onde repousar -ao lado daquela(a) que queimava junto com a gente, do mesmo jeitinho-.

Das cinzas sobraram um amor tão bonito. Foi bonito. Queimou tanto e com tanto carinho que mesmo em meio há tantos tantos erros, ele renascia mansinho, quando eu menos esperava, quando você menos cogitava. Amor não morre, mesmo quando a gente tenta matar ele ressuscita. Independe de qualquer vontade que a gente tenha porque o coração abriga com a própria vontade e alegria. Se transforma em vida, mas não na nossa vida. Das letras sobraram a saudade de um amor tranquilo e insubstituível, do qual eu não esqueço e sempre revivo, dentro de mim, mesmo quietinho. Em segredo, essa é a palavra certa porque o meu amor não é capaz de te queimar como já queimou um dia e o seu amor, em mim, por mais que ainda queime, eu desfaço e congelo.

Das cinzas do seu amor às letras da minha dor.
Somos eu e você em estados diferentes, sentindo a mesma coisa mas fingindo que não.

Um comentário:

  1. "Somos eu e você em estados diferentes, sentindo a mesma coisa mas fingindo que não."

    Fingir e fugir como se nada acontecesse, pra qualquer lado, de qualquer coisa, me dá medo...
    Prefiro, ainda que com espinhos o amor'
    E isso tudo é fase..
    Nada dura pra sempre...
    Mucho menos la muerte..
    Algumas vezes o nosso coração de tanto sofrer, se converte em gelo, pra não chorar e sempre vai ter um calor arrebatador, capaz de desmanchar o gelo, em tão pouco tempo, que tudo volta a ser "como era antes"..."como se nada tivesse acontecido"...
    "Ao nosso redor, existe mais amor do que dentro de nós mesmos"

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