quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Pela janela.


A vida é mais fácil da janela pra dentro. É terrível quando você tem a consciência de que tem medo da vida. Passar rapidamente perto da porta faz com que as pernas se tremam inteiras, como bananeiras. Colocar a mão na maçaneta é sinal de incapacidade, de pressioná-la e enxergar o mundo do lado de fora de forma diferente.

Não dá. O medo que te ronda é maior do que a coragem que te afronta, todos os dias. Falta ar. É como se tudo lá fora fosse incolor, frio, tédio e temor. Não conseguiria ir adiante. Volto pra janela. Vejo a vida passar diante de mim, sem que eu passe diante dela. Espectadora daquilo que não tenho muita vontade de viver. Confesso, tenho preguiça de viver, todos os dias. É sempre a mesma coisa. Nada muito diferente, nem contente. Muito indiferente, ousaria dizer.

Proteção. É o que eu mais preciso. Alguns chamam isso de bolha. Mas quando a vida te machuca muito, por escolhas e pessoas erradas que cruzam o seu caminho, você torna o convívio mais difícil. Impossível. Depois daquele dia, depois daquele amor, eu nunca mais consegui não ter medo da vida ou de qualquer alegria. Dava trabalho demais esquecer. Dava trabalho demais lembrar. Alguns acreditam que exista vários amores por toda a vida, outros acreditam que exista um só. Eu tenho um. O mais dolorido. Mais temido. Mais sem objetivo. Mas tenho. Não sei amar outra pessoa diferente a não ser aquela, mas não a vejo da janela, nunca mais a vi passar. Mas o amor continua o mesmo. Não passou. Não passará.

Se tudo na vida passa, como observo pela janela. Como é que fica o amor nessa parada, que nunca passa? Um dia... Talvez... Não sei... Acaba?

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