segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Apesar dos (A)pesares.


É o que acontece. Difícil organizar o pensamento quando o coração entra em conflito a todo momento. Sensações de perda, abandono, sofrimento, apego, desapego, envolvimento, ilusão, impotência, engano, imensidão. São essas, todas, que me invadem por dentro, me deixando com medo e à mercê do desatento.

Ser humano é coisa complicada! Exigimos tantas coisas dos outros quando, ao mesmo tempo, somos incapazes de exigir coisas de nós mesmos. Digo exigir porque somos exigentes, o tempo todo, e deixamos quem mais nos importa pra outro dia, sempre pra depois: o nosso próprio eu, perdido em becos, largado aos montes pelas ruas, perdidos no breu.

É o que acontece. Vamos colecionando todo tipo de coisa que nos são possíveis: histórias, lembranças, dores, momentos, infância, amores, discordâncias e todas as concordâncias. Vamos assim, nesse ritmo, como se fôssemos todos carros-cofres, guardando as coisas mais preciosas que temos sem nem mesmo saber se são tão preciosas como gostaríamos que fossem e que fôssemos pra elas também.

Ser humano é uma caixinha de surpresas! Nos surpreendemos diariamente com quem aparece, com que nos deixa, com quem apela, com quem deseja. Digo surpreender porque somos surpreendidos, tanto quanto surpreendentes, insistentes, envolventes e ao mesmo tempo deprimentes. Somos capazes de despertar o melhor e o pior em alguém, como por alguém. Sem pensar em nada. Sem pesar ninguém.

É o que acontece. Acumulamos tudo aquilo que não somos capazes de jogar fora. Talvez por medo. Talvez por apego. Talvez por falta de oportunidade quando o seu melhor amigo fica sendo o contratempo. O coração aperta. Nos desfazemos. Dificilmente nos refazemos. Mas acreditamos, sempre, no fato de conseguir aparar as arestas que são obtidas ao longo do tempo. Bobagem. Só assim que crescemos, mesmo em meio à tanto caos e desordem no que pensamos e escrevemos.

Ser humano é particular! Somos tão peculiares. Nos gestos, nos jeitos, nos olhos, nos beijos, no dialogar, no movimento, na dança, no abraçar, na vida, na trama - com ou sem drama -, no amar, no rejeitar, no desespero. Na hora de falar mais alto, quem ganha não é o grito, mas sim o sussurro de quem, delicadamente, sopra no teu ouvido que: "Apesar de todas as nossas diferenças, distâncias, separações, perdas, dores, sonhos, ambições, pessoas, sentimentos, obstáculos, desordens, contratempos, inseguranças, medos e receios... Quero estar contigo e comigo também. Sem metades. Sempre inteiros."

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