sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Mãos dadas.


De mãos dadas. Era assim que a vida funcionava, era assim que a vida se fazia mais feliz. Passo a passo. Respeitando o caminhar de cada um, abrindo os espaços, dizendo sim. De mãos dadas era como se o adiante fosse a próxima parada da gente, assim, tão radiante, tão contente.

Muitos caminhos nos foram dados. Cada um resolveu tentar seguir pr'um lado. Você pra esquerda e eu pra direita, claro. Mas no centro de tudo, sem ter o certo ou o errado, naquele ponto, onde tudo começara, era onde a gente sempre encontrava mesmo tentando se desencontrar.

Aquele sorriso amarelado, no canto da boca, porque faltavam as palavras. O abraço desajeitado, tentando se encaixar naquele emaranhado de braços, que se tremiam inteiros, na tentativa de deixar os corações colados. Eram tentativas de se resgatar o que estava se perdendo. Eram tentativas de se entregar àquilo que nem mesmo tinha começado, tentando viver a oportunidade e desfrutar o momento.

Eu sempre impliquei com você e não porque eu tinha motivos pra implicar, mas porque eu sempre gostei de tentar te tirar do sério, mesmo sabendo que em troca eu receberia um sorriso sincero, um olhar esperto que me fitava em cada passo que eu tentava dar quando eu não tinha a sua mão pra segurar. Você me via tropeçar e não me ajudava a levantar. Ria das minhas tentativas de consertos e sorria com todos os meus acertos, se irritava com os erros mas não se abatia. Sua superioridade sempre me deixava sem entender até que ponto você era superior ou se fingia ser só pra não "tremer na base" quando eu chegasse perto de você.

De mãos dadas era tudo diferente. Dentro do mundo que a gente vivia, sempre existiu um mundo que era só da gente e que parece que foi se desfazendo pouco a pouco em meio às latentes que não sabíamos da onde surgiam, mas que tinham forças suficientes pra tomar conta da gente, que éramos tão dois e ao mesmo tempo tão um por sempre transitarmos em uma igualdade tão diferente e, ao mesmo tempo, exigente. De mãos dadas caminhávamos pra qualquer lugar.

A gente se encontrava, assim, em um dia qualquer, pra bater papo e tomar um café. Falar sobre a vida, os segredos, os amores e os desafetos. Contar cada cicatriz que você tinha e ainda tem. Cada curativo que eu tive e ainda tenho e que troco periodicamente na tentativa de superar. A gente sempre se ajudou. Nunca se deixou. A gente até tentou... Mas quando a minha mão encontrava com a sua e vice-versa, a gente sabia o que fazer, o que era a coisa certa.

De mãos dadas a gente esquecia todos os traumas dessa vida.
Mas nunca se esqueceu. Nunca se esquecia.

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