De tudo o que é vago, o que mais tem vagado é a sua ausência por aqui. Uma parte do peito se aperta por não ter tudo o que eu gostaria, a outra se esparrama inteira por sentir que é possível transbordar de amor o resto da vida. Eu só queria juntar as duas partes, agora, e fazer uma melodia bem melhor do que essa que tem tocado todas as vezes que a noite vem chegando e ficando fria.
Nesse momento, estou ouvindo aquela música que você tanto gosta e confidenciou que gostaria de estar na praia vendo o Sol nascer, dançando-a sem parar. É gostoso imaginar você fazendo isso. É gostoso imaginar qualquer coisa que você imagine porque isso, pra mim, é saber compartilhar e sonhar com você, é saber sonhar junto, mesmo que separado.
Eu fiquei pensando no quanto o meu próprio pensamento trava toda santa vez que eu penso em você. E é tão contínuo, tão sempre, que eu me sinto rídicula tentando escrever esse bocado de palavras que eu nem sei se você vai, no mínimo, entender. Mas são tentativas. Dizem por aí que o importante é tentar, sempre? Não é? Então, eu preciso tentar, sem tanto medo de me arriscar (aquele medo todo que eu sentia toda vez que eu pensava em me entregar e desistia).
Preciso tentar dizer que o cheiro da manhã não tem mais o mesmo cheiro de quando você estava perto. Hoje sinto apenas cheiro de borra de café e do meu cinzeiro cheio de bitucas de cigarro. Que o dia perdeu um pouco de cor porque você levou embora todos os meus lápis aquarelas e as sobras dos meus gizes de cera não me interessam mais. Que dificilmente eu vou acostumar com o bom, o meia boca, o tanto faz, porque eu tive a oportunidade de provar o melhor com você.
De tudo o que é vago, o que mais tem vagado é a lembrança muito doce dos seus dias, todos, de presença. E que tem ficado tão longe. Cada vez mais distante. Mas eu queria te pedir, eu queria te pedir baixinho...
- Traz de volta todos aqueles cheiros, traz de volta o colorido por inteiro, traz de volta o seu melhor ligeiro. Limpa o meu cinzeiro e enche o meio peito de? Te espero.
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