domingo, 30 de maio de 2010

Sonho.


A medida em que vivo, sonho. Tanto que, às vezes, acredito que o que sonho é a minha própria vida. Perco o sentido do que é real e vago, viajo, ultrapasso, entrelaço, desato e ato na mesma intensidade do que sinto. Interfiro no meu próprio eu, no que eu quero.

No sonho eu posso ser o que eu quiser, bem entender, às claras, às escuras, nas neblinas, nas miúdas. Faço da minha vida um sonho porque é bom sonhar. Faço do meu sonho a vida porque é bom viver.

No sonho eu ganho asas, sou herói. No sonho sou pura garra, nada me destrói. No sonho eu procuro, luto, reluto e alcanço. No sonho, quando bem sonhado, sou flecha: me miro e me lanço. No sonho sou qualquer amplitude, em qualquer imensidão. No sonho posso ser gente muito grande, com os pés bem firmes no chão. No sonho posso ser até mesmo me mostrar inofensiva, e de uma hora pra outra me tornar um vilão.

No sonho eu sou o que eu quiser e puder ser, mas na vida... Não!
E se viver é melhor que sonhar, por que tem tanta gente que sonha - e compartilha dos - os mesmos sonhos que eu?

2 comentários:

  1. O onírico é sempre uma elaboração de desejo.
    E não há nada melhor que o deleite de desejar.

    Parabéns, Kao.
    Adorei o blog, bjs.

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  2. Meuu caralhooooo como vc escreve bem! rsrs

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